Washington denunciou a “visita provocadora” de um ministro israelita de extrema-direita à Esplanada das Mesquitas, Monte do Templo para os judeus, em Jerusalém Oriental ocupada e anexada por Israel.
O Governo norte-americano está “preocupado [com a realização] da visita provocadora” do ministro Itamar Ben Gvir, indicou, em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado Matthew Miller.
“Este espaço sagrado não deve ser usado para fins políticos e pedimos a todas as partes que respeitem” o local, acrescentou esta segunda-feira.
Esta visita do ministro da Segurança Interna israelita, Itamar Ben Gvir, decorreu alguns dias depois da “jornada de Jerusalém”, a marcar “a reunificação” da cidade, na sequência da anexação da parte oriental por Israel, em 1967.
“As ameaças [do movimento de resistência islâmica] Hamas não nos vão deter. Fui ao Monte do Templo. Jerusalém é a nossa alma”, escreveu o ministro na conta da plataforma Telegram, acompanhando o texto com uma fotografia da visita.
A deslocação realizou-se sob escolta policial, sem que se tenha registado qualquer incidente, de acordo com o porta-voz da polícia da cidade.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza, tinha denunciado a anterior visita de Ben Gvir, em janeiro, àquele local, o terceiro mais sagrado do Islão e o mais sagrado do Judaísmo.
Do lado palestiniano, o gabinete do presidente Mahmud Abbas considerou que a visita do líder do partido de extrema-direita Força Judaica à Esplanada das Mesquitas “é brincar com o fogo”, enquanto o Hamas indicou que a deslocação “confirma a amplitude do perigo que ameaça Al-Aqsa, sob o governo fascista sionista e a arrogância dos seus ministros de extrema-direita”, de acordo com uma mensagem publicada no Telegram.
O ‘statu quo’ estabelecido, na sequência da ocupação de Jerusalém Oriental por Israel, estipula que os não muçulmanos podem visitar a Esplanada das Mesquitas, onde se situam a Cúpula do Rochedo e a mesquita de Al-Aqsa, em horas definidas, sem rezar, numa regra cada vez menos seguida por alguns judeus nacionalistas.
O local é administrado pela Jordânia, mas os acessos são controlados pelas forças de segurança israelitas.
“A presença de um ministro israelita na mesquita de Al-Aqsa e a violação do seu caráter sagrado é uma medida provocadora” e “uma escalada perigosa e inaceitável”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros jordano, em comunicado.
Neste contexto de grande tensão, a reunião semanal do Governo israelita decorreu, no domingo, nos túneis subterrâneos ao longo do Muro das Lamentações, o local mais sagrado para os judeus.
“Jerusalém é nossa, unida para sempre!”, escreveu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na rede social Facebook, numa declaração acompanhada por fotografias da reunião.
O Governo, saído das eleições de novembro passado, é um dos mais à direita da história de Israel, com os membros da extrema-direita a não esconderem posições racistas em relação aos palestinianos.
O conflito israelo-palestiniano já fez quase 200 mortos desde 01 de janeiro, incluindo 35 numa nova guerra de cinco dias entre o exército israelita e grupos armados palestinianos da Faixa de Gaza, de 09 a 13 de maio.