O TikTok está a ganhar terreno entre as audiências mais jovens, à medida que o Facebook perde influência, como revela o relatório Reuters Digital News Report 2023 divulgado esta quarta-feira.
Por isso, e a um ano das eleições europeias, a Renascença falou com eurodeputados portugueses para perceber como veem a rede social chinesa, que foi proibida em dispositivos oficiais de funcionários da Comissão Europeia.
A proibição, de resto, não agradou a toda a gente. Sandra Pereira, eurodeputada do PCP, acredita que "é sempre problemático quando começamos a censurar coisas sem critérios objetivos".
"Porquê o TikTok e não o Facebook ou outra rede qualquer?", questiona. "A nossa preocupação também se prende bastante com a proteção dos dados pessoais, mas a verdade é que em qualquer uma destas redes sociais o perigo mantém-se. Não se percebe por que é as outras são permitidas", defende.
Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, também entende que em "todas as redes sociais, e não exclusivamente o Tiktok, muitas fronteiras são ultrapassadas", especialmente no que diz respeito a regulação, "invasão total da privacidade" e no mundo dos algoritmos.
Apesar disso, a bloquista admite que era uma decisão que já "seria de esperar", sobretudo "na sequência das decisões que foram tomadas nos EUA" e "havendo um contencioso permanente com a China".
"Julgo que era uma questão de tempo", acredita.
Perante este cenário, há quem já tenha desinstalado a aplicação, mesmo a título pessoal. É o caso de Francisco Guerreiro, eurodeputado independente.
"Eu tinha uma conta no TikTok e desinstalei porque existe um conflito de interesses entre a minha própria liberdade de comunicar e os meus dados serem utilizados de foram negativa por uma empresa que claramente está ligada ao regime ditatorial chinês."
Maria Manuel Leitão Marques, do PS, também faz questão de salientar que o TikTok "é propriedade, não propriamente de uma empresa privada, mas de uma empresa que é controlada por um Estado que não é grande respeitador nem da liberdade, nem da proteção de dados".
"Nós não podemos estar sempre a defender a proteção de dados a propósito de tudo e de nada e termos uma plataforma que, ela própria, não dá garantias mínimas de proteger esses dados", acrescenta Paulo Rangel, do PSD.
Nem todos admitem, contudo, deixar o TikTok. Nuno Melo, do CDS-PP, assegura mesmo o contrário, apesar de não ter a aplicação instalada nos aparelhos do Parlamento Europeu.
"Continuo a usar, de forma muito insipiente ainda, dando os primeiros passos." Porquê? "Porque os estudos dizem que o TikTok chega a pessoas e quem faz política tem de chegar a pessoas", assume. "Ainda mais o CDS, nas suas circunstâncias, querendo voltar à Assembleia da República, tem de chegar a muitas pessoas", remata.