A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para impacto "fatal para a comunidade" decorrente do ataque que vitimou uma freira italiana em Nampula, no Norte de Moçambique.
Em entrevista à Renascença, Catarina Martins Bettencourt, presidente da AIS, lembra que “a comunidade necessita muito desta ajuda da Igreja para poder sobreviver, para poder prosseguir os seus estudos, para poder ter o acesso básicos aos cuidados de saúde” e revela que “a missão foi praticamente destruída”.
A missionária comboniana Maria De Coppi, de 83 anos, foi morta na sequência de um ataque terrorista à Missão Católica de Chipene, na província de Nampula, Diocese de Nacala, no Norte de Moçambique.
Catarina Martins Bettencourt afirma que “este ataque foi fatal não só para a irmã a quem foi tirada a vida, mas também é fatal para a própria comunidade que está à volta da missão”.
Para além de sublinhar a importância que a Igreja tem no apoio às comunidades que vivem junto dos locais de missão, a presidente da AIS critica "a passividade da comunidade internacional" perante os ataques terroristas no continente africano.
“Quando temos um ataque num país ocidental, ou quando temos um ataque num país do chamado primeiro mundo isso tem um impacto muito profundo junto de todos nós e infelizmente isso não acontece em África.”
“Há aldeias em que a população é dizimada, é obrigada a fugir, a tornar-se deslocada dentro do seu próprio país e isto tem sido praticamente uma constante nos últimos tempos com estes ataques destes grupos terroristas que levam o pânico e que levam à fuga de milhares e milhares de pessoas e isso, infelizmente, a comunidade internacional não tem olhado com o devido olhar”, reforça.
A responsável lembra, por exemplo, a região de Cabo Delgado “muito fustigada por estes ataques, com aldeias inteiras destruídas e com cerca de um milhão de deslocados”.
A presidente da AIS revela que, no caso da missão agora destruída em Chipene, “onde esta irmã foi morta agora, também já tinha acolhido pessoas refugiadas na zona de Cabo Delgado”.
Para a Fundação AIS, “neste momento, África é o continente mais preocupante, com toda esta região, não só da Nigéria, mas dos países à volta da região Sahel, onde estes grupos terroristas estão a atuar quase de uma forma impune”.