Na fronteira de Vilar Formoso, os militares da GNR solicitam a documentação a quem chega a Portugal. São muitas as crianças e jovens que chegam ao país por causa da Jornada Mundial da Juventude e na fiscalização é confirmado se o contexto no interior da viatura corresponde à identificação facultada. “Olá Kiara! Estás boa?”, questiona um militar da GNR a uma das três crianças que chegam à fronteira de Vilar Formoso.
A interação com os menores, “para perceber se a situação é regular no sentido de precaver qualquer tráfico de ser humano ou exploração infantil”, explica o capitão Nuno Marinho, comandante do subagrupamento Alfa, que está responsável pela fronteira a norte do país. “Quando abordamos uma viatura, pedimos os documentos e depois percebemos se o contexto bate certo com a documentação”, acrescenta o militar da GNR.
Atrás, um autocarro, oriundo de França, com alguns dos passageiros, inscritos na Jornada Mundial da Juventude. Margarida Rocha, 42 anos, auxiliar de enfermagem, emigrante portuguesa, viaja com o marido e dois filhos menores. “É um momento que sempre quis viver em jovem e não tive oportunidade e então quis dar essa oportunidade aos meus filhos, vai ser uma coisa muito bonita. O mundo inteiro junto do Papa”, refere, sem deixar de sublinhar que “vai sempre à igreja em França”.
Alicia Carvalho, 11 anos, não sabe falar português, mas quer aproveitar ao máximo a Jornada Mundial da juventude. “Estou muito feliz, vou rezar pela minha família e pelos jovens que precisam”, conclui, em pronúncia francesa.
Em território nacional e não apenas em Vilar Formoso, e desde o dia 22 de julho, uma média de 1300 viaturas são fiscalizadas diariamente pela GNR. “Até à data de hoje, temos 4382 viaturas controladas, e um total de 11504 pessoas controladas, 43 recusas de entrada, cidadãos indocumentados, ou não tinham visto para entrar em território nacional”, destaca o Capitão da GNR, Nuno Marinho, explicando ainda que o controlo da fronteira, é efetuado “de forma seletiva, feito numa análise de risco previamente estabelecida e de forma descontinuada.
Com base nesta análise, vamos fazendo fiscalizações. Algumas viaturas, pesados ou ligeiros de passageiros, vão sendo fiscalizadas, com base no princípio de proporcionalidade e necessidade”, insiste o militar da GNR.
Pessoas cooperam e não estranham controlo
“As pessoas não estranham e são cooperantes” revela o capitão da GNR, Nuno Marinho. “Parece-nos o habitual para esta época. Dia 24 foi o dia em que houve menos viaturas e o dia 25 foi o dia com maior fluxo. Estamos a fazer ações de forma seletiva”, acrescenta o comandante do subagrupamento Alfa, que está responsável pela fronteira a norte do país. Em Vilar Formoso foram registadas apenas 3 recusas de entrada.
No mesmo autocarro que saiu de Paris, Augustin, vem da arquidiocese de Conakry, da Guiné e pela primeira vez vai conhecer Portugal, mas não é novidade estar junto do Papa. Já participou noutras JMJ. Habituado a trabalhar em fronteiras com associações humanitárias, não se assustou com o pedido de identificação na fronteira de Vilar Formoso.
O mais importante é o que o traz à Jornada Mundial da Juventude. “Vim para reforçar os laços de amizade e fraternidade. Estou muito feliz de chegar aqui”, considera o guineense.
Manuel Neves, 55 anos, motorista há 36 anos, observa muita gente jovem de várias nacionalidades. “Vê-se perfeitamente que são peregrinos, fazem bom ambiente. Se eu tivesse oportunidade também participava na JMJ, mas estou a trabalhar. Provavelmente levarei de volta algumas destas pessoas”, afirma.
Vários idiomas e culturas no mesmo autocarro, em direção a Lisboa à Jornada Mundial da Juventude. Fronteira passada, é hora de seguir viagem.