O ex-comandante russo Igor Girkin, crítico do Kremlin, anunciou esta quinta-feira, num comunicado divulgado na rede social Telegram, que pretende candidatar-se às eleições presidenciais de 2024, apesar de estar detido por críticas ao Governo.
“Considero-me mais competente em assuntos militares do que o atual Presidente e certamente mais competente do que o ministro da Defesa.”
Girkin, 52 anos, mais conhecido como Strelkov, foi detido em julho sob a acusação de extremismo em conexão com uma série de publicações que criticavam os líderes russos, incluindo o Presidente Vladimir Putin.
Embora não tenha sido condenado, Girkin poderá enfrentar uma pena de até cinco anos de prisão se for considerado culpado pela justiça russa.
O opositor do Kremlin tem sido a favor da invasão russa da Ucrânia, mas criticou a liderança militar do país e acusou Putin de ser "demasiado simpático", ao mesmo tempo que prometeu que "não cederá aos desejos dos seus amigos em detrimento da economia russa", numa alusão a casos de corrupção dentro do Governo.
“Não sou tão gentil, algo que posso colocar em prática”, disse Girkin, acrescentando que o atual Presidente russo “tem muitos amigos bilionários aos quais não pode negar nada”.
“Não prometi nada a ninguém e por isso posso ignorar as garantias pessoais de todos os presidentes que a Rússia teve desde 1991 até agora”, garantiu Girkin.
Para alguém se candidatar à presidência russa precisa de reunir assinaturas de pelo menos 500 cidadãos com direito a voto.
Em 2014, Girkin liderou os rebeldes pró-Rússia apoiados pelo Kremlin na sua luta contra as Forças Armadas ucranianas na autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste do país.
Em 2022, um tribunal dos Países Baixos condenou-o, sem a sua presença, a prisão perpétua, pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines, ocorrido em julho de 2014, quando este sobrevoava o leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo.