O governo ampliou em mais uma semana a “contenção” ao avanço da pandemia depois das festas de Natal e Ano Novo, apenas com a notória exceção das escolas que reabrem amanhã e dos saldos das lojas que vão poder arrancar também esta segunda-feira.
As novas regras para isolamentos apresentam uma nota comum: aliviar a pressão sobre a economia. Os contactos com um infectado no local de trabalho não são considerados de risco, medida potencialmente positiva para setores fustigados pela ausência de trabalhadores como o pequeno comércio ou grande distribuição, além da construção civil e indústria.
Mas, claro, há ainda a questão chave de reduzir o impacto do confinamento nos resultados eleitorais, preocupação da classe política. O governo quer ter segurança jurídica para se proteger politicamente e pediu um parecer à PGR e pretende ouvir todos os partidos sobre os condicionamentos que podem afetar as eleições de 30 de janeiro – reunião ainda sem data agendada.
Mas a questão do limite imposto ao regime excecional e temporário para eleitores confinados não deveria estar já planeada e pronta a ser aplicada? Suspender por um dia medidas de saúde pública? Criar um sistema extraordinário de voto por correspondência, apelar à participação em larga escala de voto antecipado em mobilidade, não deveria ter sido prioritário?
A análise a estas questões é de Nuno Botelho, líder da ACP Câmara de Comércio e Indústria, Manuel Carvalho da Silva, professor do CES e do jornalista José Alberto Lemos a olharem também para os debates televisivos, o ataque informático à IMPRESA e um ano depois da invasão ao Capitólio.