O diretor-nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, disse esta manhã, numa conferência de imprensa para explicar os contornos da detenção de João Rendeiro, que o ex-banqueiro reagiu com "surpresa" à detenção "porque não estava à espera".
A captura pelas autoridades locais ocorreu esta manhã, às 7h00 [hora de Lisboa], na África do Sul. Luís Neves acrescentou que Rendeiro afirmar que não estava fugido "é patético". "São conhecidas várias cidades em que esteve para se esconder e dificultar esta detenção", reforçou o diretor nacional da PJ.
Luís Neves detalhou ainda que o ex-presidente do BPP, quando foi detido pelas autoridades da África do Sul, "não tinha disfarce", mas que se movimentava com "muitos cuidados". "Não circulava livremente", garantiu o chefe da Judicária.
Na mesma conferência de imprensa, Luis Neves afirmou que Rendeiro será apresentado a interrogatório policial nas próximas 48 horas, para lhe serem aplicadas as respetivas medidas de coação. Se tal for determinado, Neves diz que a PJ tem condições para ir buscar o furagido àquele país, para que depois cumpra pena.João Rendeiro foi condenado por três vezes: em 2018, a uma pena de cinco anos e oito meses de prisão efetiva, pelos crimes de falsidade informática e falsificação de documentos; em maio de 2021, a uma pena de dez anos de prisão efetiva, pelos crimes de fraude fiscal qualificada, de abuso de confiança qualificado e de branqueamento; em setembro de 2021, a uma pena de três anos e seis meses de prisão efetiva por crimes de burla.
O líder da Judicária, numa conferência de imprensa em que detalhou os contornos da investigação, anunciou ainda que Rendeiro estava na África do Sul desde 18 de setembro, e que essa informação já estava na posse da Polícia há mais de um mês. Ou seja, antes de no início de Novembro, a mulher de João Rendeiro revelar à justiça o paradeiro do marido.
Esta havia relatado às autoridades que o antigo banqueiro estaria fugido na África do Sul, país onde agora foi detido.
Luís Neves garante que Rendeiro tentou de todas as formas enganar as autoridades, e deu o exemplo da entrevista que deu a CNN Portugal, no dia de lançamento daquele canal, em que usou "todos os meios tecnológicos mais avançados e que custam uma exorbitância ".
Esta entrevista foi concedida "de forma encriptada". O uso de tecnologia de ponta, é mais um exemplo, na opinião de Luís Neves, de que João Rendeiro "jamais em tempo algum se iria entregar à Justiça".
À questão sobre se com esta detenção, a PJ lava a cara da justiça portuguesa, Luís Neves desvalorizou. "Todos temos os nossos lapsos. Estamos a falar de processos que demoraram muito anos a transitar em julgado. A PJ não lava a face a ninguém, fazemos parte da Justiça ".
O ex-presidente do BPP fugiu de Portugal em setembro para não cumprir as penas aplicadas pelos crimes de burla e falsificação.