Com os casos de Covid-19 a aumentar no nosso país, o pneumologista Filipe Froes defende testagem acessível e sem constrangimentos para ajudar a controlar a nova vaga.
“Defendo a testagem gratuita de forma a identificar precocemente infeções.”
"Para controlamos a incidência temos que perceber há que diminuir rapidamente a circulação do vírus através da identificação precoce das pessoas que são positivas, de maneira a deixarem de perpetuar e criar cadeias de transmissão”, justifica.
O consultor da Direção-Geral de Saúde assume não haver motivos de preocupação e diz que uma intervenção deve assentar em três pilares: “no controlo da incidência, na minimização da gravidade e na promoção progressiva da normalidade social e económica”.
Já em relação à utilização de máscara em locais fechados, e a outras medidas de intervenção não farmacológica, Filipe Froes não vê que sejam necessárias nesta altura.
O especialista defende que “a utilização da máscara deve ser facultativa e de acordo com a avaliação do risco”, mas “há situações em que deveria ser obrigatório”. É o caso de quem testa positivo e tem que sair de casa, as pessoas com sintomas respiratórios, mesmo com teste negativo, as pessoas mais vulneráveis e os profissionais de saúde.
“A máscara protege e serve para ganhar tempo para fazermos o resto”, sublinha.
Na sua opinião, um aspeto obrigatório é “ter dados em tempo real para fundamentar atitudes”. Ou seja, a DGS devia voltar a ter boletins diários sobre a evolução do novo coronavírus no país. Assim, de acordo com indicador, seriam tomadas medidas adequadas, “transformando informação em conhecimento”.
O consultor da Direção-Geral da Saúde diz ainda que é necessário “divulgarmos rapidamente e termos acesso aos novos medicamentos antivirais que têm impacto na diminuição da circulação do vírus e aos anticorpos monoclonais, de maneira ainda a protegermos mais as pessoas mais graves. Ou seja, temos que diminuir o vírus e diminuir a gravidade”.
Reiterando a importância da vacina, Filipe Froes defende um segundo reforço a todas as pessoas de risco, independentemente da idade.
“Idealmente a partir dos 60 anos, porque 20% dos nossos óbitos ocorrem entre os 60 e os 80 anos. Não é só pessoas com mais de 80 que estão a falecer, os imunodeprimidos também, por isso, independentemente da idade deviam ser vacinados com o reforço, e os grupos que tenham maior interação com pessoas vulneráveis, como os profissionais de saúde, que estão vacinados há seis meses, têm que fazer agora o reforço”, detalha.
O reforço a ser dado, nesta altura
não evita a vacina no outono porque nessa altura “vamos ter novas vacinas já adaptadas
à nova composição, como temos com a gripe no outono-inverno”, adianta.
O número de casos diários de Covid-19 vai continuar a subir em Portugal e pode chegar aos 60 mil no final do mês, indica a ministra da Saúde.
Marta Temido admitiu que a evolução da pandemia venha a condicionar a atividade hospitalar programada, mas recusou para já o regresso de testes gratuitos nas farmácias e uso obrigatório de máscaras.