O bispo auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar disse na noite desta sexta-feira, em Fátima, que "os pobres não podem esperar", numa alusão aos efeitos da pandemia na sociedade portuguesa.
"Nenhum de nós, crente ou não crente, pode dormir descansado se sabe que à sua beira existe uma família que passa fome", alertou o prelado, durante a Liturgia da Palavra inserida na peregrinação aniversária de junho, que se realiza já com a presença de fiéis.
"A pandemia recordou-nos a nossa identidade genética: somos frágeis e mortais. A pandemia confirmou a nossa identidade social: já não pertencemos à nossa pequena comunidade local, mas somos membros de uma comunidade mundial interligada entre si. A pandemia potenciou até uma renovada identidade eclesial: uma Igreja mais doméstica, mais laical e capaz do digital. A pandemia, mais do que nunca, exige-nos a nossa identidade cristã: não podemos abandonar o nosso próximo . Estejamos juntos no combate a esta pandemia e transformemos a sua inevitabilidade numa oportunidade: que cada pessoa seja mais humana e os cristãos mais autênticos", exortou D. Américo.
"Na única oração que nos ensinou, o Pai-Nosso, Jesus disse-nos para rezar assim: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” (Lc 11,3). Na verdade, trata-se de um “pão nosso” que não é para ser exclusivamente meu ou teu, mas um pão que me é dado por Deus para mim e para ser repartido com o outro . Ora, a fome acontece quando este deixa de ser “pão nosso” e passa a ser o “nosso pão”. E nunca nos esqueçamos: o maior poder que a Igreja tem chama-se caridade."
"Cada um, com a sua história de vida, com as suas qualidades e fragilidades, com os seus projetos e sonhos, é precioso aos olhos de Jesus! O mandamento do amor, o único capaz de salvar a humanidade deste dilúvio que atravessamos, depende de cada um de nós porque Deus jamais se esquecerá do Homem", sublimnhou, ainda.
Focando-se em Fátima, o bispo auxiliar de Lisboa considerou que "há uma coisa que só pode ser aprendida no colo de uma mãe: a verdadeira dimensão do amor".
"Se hoje estamos aqui, é porque reconhecemos que este colo maternal da Senhora de Fátima continua a ser para nós, uma autêntica 'escola do amor'", disse, ainda.
"Ser cristão hoje é mais uma 'questão de amor' do que 'um assunto doutrinal'", defendeu D. Américo Aguiar.
Na noite fria da Cova da Iria eram em número menor do que o habitual os fiéis presentes.