Os portugueses a retirar de Wuhan serão avaliados à chegada a Portugal para determinar o risco de exposição ao novo coronavírus e só depois serão tomadas eventuais medidas de isolamento social, explicou esta terça-feira à Lusa a diretora-geral da Saúde.
A ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn, afirmou esta terça-feira que os franceses que vão ser retirados desta cidade chinesa, epicentro do surto de coronavírus (2019-nCoV), que não apresentarem sintomas serão mantidos num local em confinamento por 14 dias, a duração máxima estimada da incubação da doença, para garantir que não foram infetados pelo vírus.
Questionada pela Lusa sobre se Portugal vai tomar uma medida idêntica, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que não será tão restritiva: o que habitualmente se faz é a "história epidemiológica clínica" da pessoa.
"A primeira coisa que temos que perceber quando chegarem é o risco que têm de poder ter contraído uma infeção. Se o risco for muito pequeno não se tomam medidas", sublinhou.
Ressalvando que as autoridades portuguesas estão sempre a rever procedimentos em função do risco, a diretora-geral da Saúde lembrou os procedimentos adotados no caso da gripe A com os primeiros casos que vieram do México.
"Pedimos às pessoas que vinham assintomáticas, que poderiam ou não estar a incubar o vírus, que fizessem isolamento social voluntário", ou seja, que ficassem num quarto sozinhas e tivessem o mínimo de contacto com as pessoas.
Mas, ressalvou, "a história inicial é que vai determinar o risco e em função desse risco é que se aconselham medidas" de isolamento social.
"Se os portugueses já estiveram nos últimos 14 dias nas suas casas em Wuhan, não tiveram contactos com pessoas ou animais, não estiveram expostos a nada, não têm sintomas, não há nenhum motivo para os colocar em isolamento social", defendeu Graça Freitas.
Para a responsável da autoridade de saúde portuguesa, são estas "medidas de bom-senso que se devem tomar".
Lembrou ainda que a pessoa só vai para o hospital se tiver sintomas. Contudo, vincou, as autoridades mantêm contacto com estas pessoas para se assegurem que não têm sintomas.
"Até agora, o protocolo português é assim e segue orientações da Organização Mundial da Saúde", rematou.
Portugal já fez acionar os dispositivos de saúde pública devido ao coronavírus proveniente da China e tem em alerta o Hospital de São João, no Porto, o Curry Cabral e Estefânia, em Lisboa.
Em Portugal foram ativados os protocolos estabelecidos para situações do género, reforçando no Serviço Nacional de Saúde a linha Saúde 24, através do número 800242424, e a linha de apoio médico, para triagem e evitar que em caso de eventual contágio as pessoas não encham os centros de saúde e as urgências dos hospitais.
Alguns países, como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha e Portugal, estão a preparar com as autoridades chinesas a retirada dos seus cidadãos de Wuhan, onde também se encontram duas dezenas de portugueses.
O Governo português já anunciou que quer retirar por via aérea os portugueses retidos em Wuhan.
A China elevou para 106 mortos e mais de 4.000 infetados o balanço do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.