Marcelo Rebelo de Sousa tem feito uma espécie de tabu da sua recandidatura a Presidente da República, mas a Renascença sabe que a recolha de assinaturas já está em curso e, apesar de serem candidaturas em nome próprio, a máquina do PSD está a ser mobilizada, como sempre acontece nestes casos e como aconteceu há cinco anos. Quanto ao anúncio formal vai aguardar pela segunda ou terceira semana de dezembro.
De forma não oficial, as estruturas do partido colaboram para agilizar esse procedimento, que conta, tal como em 2015, com a colaboração de vários operacionais da estrutura social-democrata, sobretudo ligados ao anterior secretário-geral do partido José Matos Rosa. A recolha de assinaturas e a sua certificação nas juntas de freguesia é um processo burocrático que exige tempo e pessoas disponíveis.
Cada candidatura a Presidente tem de ter um mínimo de 7500 assinaturas de proponentes. Um trabalho que não pode ficar à espera do anúncio de recandidatura que o atual Presidente quer atrasar o mais possível.
Várias fontes indicaram à Renascença que o anúncio formal da recandidatura de Marcelo só deve acontecer na segunda ou na terceira semana de dezembro, nunca antes de dia 8, quando terminam previsivelmente as restrições à circulação entre concelhos. O prazo para a apresentação formal da candidatura e entrega das assinaturas é 24 de dezembro, um mês antes da data marcada para as eleições.
Quanto ao local, Marcelo gostaria de voltar a anunciar em Celorico de Basto, distrito de Braga, origem de uma parte da família. Mas, dadas as circunstâncias que o país vive, esse anúncio “não deve ir além de Cascais”, como foi dito à Renascença.
Segundo a Renascença apurou, fora da estrutura partidária. quem já está envolvido no processo e na equipa de recandidatura do atual Presidente na próxima corrida a Belém é um homem da confiança de Leonor Beleza, João Silveira Botelho.
Atual vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação Champalimaud, foi seu chefe de gabinete no Ministério da Saúde, no governo de Cavaco Silva. Há cinco anos, o diretor de campanha foi Pedro Duarte, antigo presidente da JSD, sempre anunciado como hipotético candidato à presidência do partido.
Desta vez não deve haver um diretor de campanha, até porque “haverá pouca ou nenhuma campanha para dirigir”, como salienta à Renascença uma das pessoas envolvidas na preparação da recandidatura. Marcelo irá fazer pouca campanha por causa da pandemia, mas também porque entende que só ganha em aparecer pouco como candidato, mantendo sobretudo o desempenho da função presidencial.
A estrutura formal de campanha deve, pois, ser reduzida ao mínimo, apenas com os cargos obrigatórios por lei: um mandatário político e um mandatário financeiro.