O estado de saúde de Donald Trump, após ter acusado Covid-19, inspira "otimismo cauteloso", segundo a versão oficial, apesar da hospitalização. Porém, relatos divergentes de fontes da Casa Branca geram dúvidas sobre a situação do Presidente dos Estados Unidos da América.
Trump e a mulher, Melania, testaram positivo ao novo coronavírus durante a madrugada de sexta-feira. O Presidente dos EUA revelava "sintomas ligeiros", contudo, ao final do dia, foi transportado para um hospital militar, por precaução e a conselhos dos seus médicos.
Este sábado, o médico da Casa Branca revelou aos jornalistas que Donald Trump estava "muito bem" e sem febre "há mais de 24 horas".
"Permanecemos cautelosamente otimistas", sublinhou Sean Conley.
Contudo, durante essa mesma comunicação à imprensa, uma fonte da Casa Branca contrariou o testemunho do médico de Donald Trump.
"Os sinais vitais do Presidente nas últimas 24 horas foram muito preocupantes e as próximas 48 horas serão decisivas para o seu tratamento", afirmou a mesma fonte aos jornalistas, em "off".
Soube-se mais tarde que essa fonte, que pedira que a sua identidade não fosse revelada, era Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca. Meadows ainda tentou negar que tivesse dado essa informação aos jornalistas, no entanto, foi "apanhado" nas câmaras, com som e imagem incluídos, a pedir aos jornalistas que o citassem em "off".
As dúvidas continuam analisando o testemunho de Conley, que quando questionado se Trump precisara de ventilação respondeu apenas que não sob o seu cuidado. Contudo, não respondeu sobre sexta-feira.
A Associated Press garante, via fonte da Casa Branca, que o Presidente dos EUA precisou mesmo de ventilação antes de ser hospitalizado. O "Los Angeles Times" confirmou, pouco depois, essa informação.
A estação televisiva CBS afinou pelo mesmo diapasão, citando duas fontes da Casa Branca. Contudo, salientou que o tratamento com oxigénio é normal para pacientes nesta situação, pelo que continua a não ser claro se Trump estava com dificuldades de respiração e se precisava mesmo de ventilação ou se foi apenas precaução.
Outro dado que gera dúvidas é a cronologia da doença de Donald Trump. Alguns órgãos de informação sugerem que tem sido mal contada.
Sean Conley, o chefe da equipa médica da Casa Branca, disse que o Presidente dos EUA tinha sido diagnosticado com Covid-19 há "72 horas", o que não bate certo com a data oficial, sexta-feira.
Se Trump tiver sido diagnosticado há 72 horas, então já saberia que estava infetado com o novo coronavírus desde quarta-feira, quando estava a fazer campanha no Minnesota, e na quinta-feira, quando acudiu a uma angariação de fundos no seu clube em Bedminster, Nova Jérsia.
Em comunicado, horas mais tarde, Conley esclareceu que se tinha enganado ao dizer que o diagnóstico tinha ocorrido há 72 horas e que, na verdade, Trump tinha testado positivo na madrugada de sexta-feira:
"Esta manhã, ao comunicar o estado de saúde do Presidente, utilizei incorretamente os termos '72 horas', em vez de 'dia três', e '48 horas', em vez dia 'dia dois', relativamente ao seu diagnóstico e à administração do tratamento. O Presidente foi diagnosticado com Covid-19 na quinta-feira, 1 de outubro [madrugada de sexta-feira em Portugal], e recebeu o 'cocktail' de anticorpos [Regeneron] na sexta-feira, 2 de outubro."
Todavia, a questão das "48 horas" não veio de Conley, mas sim de Brian Garibaldi, pulmonologista da Universidade de Johns Hopkins que trabalha com a equipa médica da Casa Branca. Este disse que o Presidente dos EUA tinha começara o tratamento Regeneron "há cerca de 48 horas", ou seja, durante a tarde de quinta-feira.
Isto significaria que Trump teria começado o tratamento experimental aproximadamente 12 horas de ter anunciado o diagnóstico e, inclusive, antes de a conselheira presidencial Hope Hicks ter acusado positivo ao à Covid-19 - razão dada para Donald e Melania Trumo terem sido testados.
Este tratamento experimental a que Trump foi submetido, um "cocktail" desenvolvido pelo laboratório Regeneron, deu resultados preliminares encorajadores em testes clínicos num pequeno número de pacientes. Ainda não foi aprovado para tratamento ao novo coronavírus.