José Sócrates vai ser interrogado, pela terceira vez, na segunda-feira à tarde e deverá ser mesmo acusado de corrupção passiva.
A notícia da acusação é avançada pela imprensa deste sábado de manhã, segundo a qual o antigo primeiro-ministro será também acusado de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Citando fontes do Ministério Público, “Expresso” e “Correio da Manhã” garantem que os investigadores têm prova consolidada para a acusação. Os actos foram praticados enquanto esteve à frente dos seus Governos, mas depois há versões diferentes quanto aos valores dos subornos que José Sócrates terá recebido.
Segundo o semanário “Expresso”, Sócrates terá recebido 23 milhões de euros através de contas na Suíça, alegadamente do amigo Carlos Santos Silva mas que na verdade seriam suas.
O “Correio da Manhã” fala em 32,8 milhões de euros.
O dinheiro recebido pelo ex-primeiro ministro terá servido para beneficiar o empreendimento de Vale de Lobo, no Algarve, e para atribuir ao Grupo Lena empreitadas do Parque Escolar e promover a sua expansão internacional, nomeadamente para a Venezuela.
O grande suborno, que o “Expresso” quantifica em 17,5 milhões, terá sido recebido do Grupo Espírito Santo (GES), como compensação por José Sócrates ter apoiado os interesses de Ricardo Salgado em negócios-chave da PT: o chumbo da OPA feita pela Sonae, entre 2006 e 2007, e a venda da VIVO à Telefónica, com posterior compra da OI brasileira, em 2011.
Ainda segundo o semanário, a acusação está a ser escrita por oito procuradores e tem até o envolvimento do próprio director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, para poder está concluída até sexta-feira, dia 17, data em que termina o prazo dado pela Procuradora-Geral da República.
Vários dos 25 arguidos vão ainda ser ouvidos na próxima semana, incluindo José Sócrates, que deverá ser interrogado uma última vez, a terceira, para ser confrontado com as acusações relativas à PT.
Tudo “falsidades e insultos”, dizem advogados
A reacção da parte de José Sócrates chegou ainda antes da publicação do “Expresso”. Em comunicado, os advogados do antigo primeiro-ministro falam em novas falsidades e insultos infames.
Garantem ainda que nunca teve dinheiro oculto em contas na Suíça e as suas relações com os ex-administradores da PT Zeinal Bava e Henrique Granadeiro eram meramente institucionais.
[Notícia actualizada às 12h00, com dados sobre o interrogatório]