O porta-voz do Livre considerou esta terça-feira que a Aliança Democrática (AD) revela "uma grande dose de ingenuidade" quanto aos perigos da extrema-direita e pediu a Luís Montenegro que explique o que quer fazer quanto ao subsídio de desemprego.
"Aquilo que me é dado a avaliar exteriormente, por aquilo que Luís Montenegro diz, é uma grande dose de ingenuidade em relação ao real perigo da extrema-direita", defendeu Rui Tavares, à margem de uma ação de campanha no mercado de Benfica, em Lisboa.
O historiador considerou que "as lideranças da direita tradicional em Portugal estão a cometer os mesmos erros que as lideranças do centro-direita cometeram noutros países europeus".
Tavares recuou a 2016 e a declarações de Luís Montenegro quando disse, sobre as eleições norte-americanas desse ano, que "entre Trump ou [Hillary] Clinton se absteria".
"Para mim, em 2016, já era muito claro o que aí vinha em termos de autoritarismo e de nacional populismo. Mas pronto, era o início deste fenómeno e é justificável alguma falta de conhecimento aproximado do que era a extrema-direita", acrescentou.
No ano seguinte, continuou o deputado único do Livre e cabeça-de-lista por Lisboa, André Ventura era candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures, "da qual o CDS se retirou, justiça seja feita".
"O PSD não. Luís Montenegro era dirigente e líder de bancada parlamentar. Mantiveram [o apoio] mesmo quando ouviam que havia ali um candidato que expressamente violava a carta de princípios e os estatutos do PSD. Mais uma vez, ingenuidade em relação à extrema-direita", sustentou.
"E continua a dizer basicamente que se tiver de governar em maioria relativa que tratará todos os partidos por igual. Isso não é possível", defendeu.
Rui Tavares fez ainda referência ao processo de revisão constitucional que o parlamento acabou por deixar a meio, após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, apontando uma alteração proposta pelo Chega.
"O Chega tinha, no artigo 26.º sobre a proibição de obter informação de forma abusiva ou contrária à dignidade humana sobre pessoas e famílias, uma exceção. Dizia: "No entanto, estes direitos podem ser restringidos por razões de segurança pública, que é a fasquia mais baixa que existe. O PSD acha que vai tratar por igual quem é a favor de coisas básicas que o PSD de Marcelo Rebelo de Sousa como constituinte pôs na Constituição?", questionou.
O deputado único instou ainda o líder da AD, Luís Montenegro, a esclarecer as declarações que fez na quinta-feira, de que não aceita um "país em que muita gente que trabalha tem menos dinheiro do que muita gente que não trabalha".
À semelhança do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que na sexta-feira desafiou o líder do PSD a esclarecer se quer cortar este subsídio, Rui Tavares defende que o dirigente social-democrata "tem que esclarecer o que isso quer dizer".
"É da lógica e da gramática: o que ele nos está a dizer é que o subsídio de desemprego não pode ser maior do que o salário mínimo nacional. Isso significa um rombo no direito das pessoas e uma traição ao contrato social", acusou.
"Mais uma vez: foi dizê-lo apenas para imitar o discurso da extrema-direita? É que estas coisas têm consequências na vida das pessoas", alertou.
O candidato deixou à direita democrática um conselho, "do outro lado da barricada", mas que disse ser "com uma boa dose de amizade": "Vão acorrer à sua própria destruição".
Tavares avisou que "não há nenhum exemplo histórico ou recente de um centro-direita que tenha dado a mão à extrema-direita e que não acabe com o braço devorado".
O deputado apelou ao voto dos indecisos e afirmou que votar à esquerda é bom, mas votar no Livre "é melhor".
O dirigente afirmou que "já não é preciso explicar" às pessoas o que é o Livre, que celebrou recentemente dez anos, e garantiu que na reta final da campanha o partido "vai aumentar o ritmo", manifestando confiança nos resultados de dia 10.