Líbia vende escravos por 300 ou 600 euros
25-11-2017 - 23:40

A reportagem da CNN esteve num desses leilões, tentou falar com esses homens e entregou o material recolhido às autoridades.

Migrantes a ser vendidos como escravos. É este o mote de uma reportagem da CNN que mostra imagens da venda pelo melhor preço de seres humanos na Líbia.

Num local não divulgado, em Agosto desde ano, as imagens reproduzidas pela CNN começam com um licitador a vender um homem nigeriano.

“800, 900, 1000, 1100, vendido por 1200 dinares líbios” (o equivalente a 800 dólares, ou seja, cerca de 673 euros).

Foi oferecido como membro de um grupo de “rapazes fortes aptos para trabalho numa quinta”, segundo o licitador que nunca surge na imagem.

Para verificar a situação uma equipa de reportagem da estação de televisão norte-americana viajou no mês passado para a Líbia com câmaras ocultas.

A CNN assistiu a uma situação semelhante. “Alguém necessita de um cavador? Este um é um cavador, um homem forte, ele vai cavar. Quanto oferecem?”

Poucos minutos depois estava vendido por 650 dinares (pouco mais de 300 euros) e entregue aos novos donos.

Depois do leilão, os repórteres da CNN tentaram falar com dois dos homens que foram vendidos. Nenhum deles quis falar por receio de represálias.

Todas as filmagens feitas pela CNN foram entregues às autoridades da Líbia que prometeram abrir uma investigação.

O comandante da agência anti-imigração ilegal confirmou à reportagem da televisão norte-americana que, apesar de nunca ter assistido a nenhum leilão, sabia que estas organizações criminosas os realizam.

Dezenas de milhares de migrantes têm tentado chegar à Líbia à procura de melhores oportunidades e de um lugar na Europa.

O negócio está instalado, os migrantes pagam a viagem e acabam dependentes destes novos contrabandistas que ou os atiram para barcos sem condições, em que se arriscam a morrer no mar, ou os tornam nestes escravos modernos.

A Renascença também já tinha dado conta desta situação e ouviu na altura Cristina Santinho, investigadora do Centro de Estudos de Antropologia do ISCTE.