O ministro das Finanças, Mário Centeno, "mentiu" no caso da declaração de rendimentos da ex-administração da Caixa Geral de Depósitos e tem que se demitir, defende o social-democrata Paulo Rangel.
Em declarações à Renascença, o eurodeputado considera que os emails e a carta que foram tornados públicos pela comunicação social “provam que o ministro Mário Centeno mentiu”.
“E o primeiro-ministro foi até um pouco ambíguo, não soube defender o seu ministro. Porque ele não disse, sequer, que não era verdade, disse que ele não tinha mentido, que não era verdade, mas que não havia provas. Se não havia provas, elas estão todas aí”, argumenta Paulo Rangel.
O Governo “sai muito mal” desta polémica e a credibilidade de Mário Centeno e do secretário de Estado adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, ficou “em causa na Europa”, considera o eurodeputado do PSD.
“Ninguém respeita um ministro das Finanças que negoceia leis com escritórios privados, que mente ao Parlamento, que mente à opinião pública. A única solução é que o ministro Mário Centeno apresente a demissão, com isso cai a sua equipa e banimos também aquele que foi já posto, na segunda-feira, estrategicamente no lugar para o vir a substituir, que é o secretário de Estado Mourinho Félix, que claramente foi o grande operacional desta lamentável situação”, conclui Paulo Rangel.
PSD obriga Centeno a voltar à Comissão
O PSD apresentou esta quinta-feira um requerimento potestativo para ouvir novamente Mário Centeno na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da Caixa Geral de Depósitos.
No debate quinzenal desta quarta-feira, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, recordou a troca de correspondência entre o anterior presidente da CGD e o ministro das Finanças, noticiada nesse dia pelo jornal "online" ECO, segundo a qual António Domingues teria acordado com Mário Centeno a dispensa de apresentar a sua declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional.
E lembrou que, num anterior debate quinzenal, António Costa tinha respondido ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho, não ter explicação para a demissão de António Domingues e até a considerar estranha.
Na resposta a Luís Montenegro, o primeiro-ministro garantiu que o ministro das Finanças “não mentiu” sobre o processo de demissão de António Domingues da Caixa e disse que não há “qualquer prova” em contrário.
Marcelo confia em Costa
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, toma como boa a posição do Governo na polémica em torno da declaração de rendimentos da ex-administração da Caixa Geral de Depósitos.
“Eu tendo o primeiro-ministro como interlocutor, ele sempre me disse aquilo que era a posição do Governo, que era a posição do Presidente. Como não tive conhecimento, até hoje, de nenhuma tomada de posição do senhor ministro das Finanças em sentido diferente, tenho que tomar como bom que o senhor ministro das Finanças pensava o mesmo que o primeiro-ministro.”