A líder do CDS, Assunção Cristas, recusou, esta quarta-feira, comentar a necessidade sentida pelo Presidente da República de dizer que não era criminoso a propósito do caso Tancos e apelou a uma penalização do PS nas urnas.
"O Governo atuou mal, não acautelou o furto e, aparentemente, foi conivente ou cúmplice de uma farsa montada para a recuperação do material. Degradou profundamente as instituições do Estado, degradou a nossa democracia", disse a líder centrista, à margem de uma visita à fábrica da Continental, em Vila Real, integrada na campanha para as legislativas.
Cristas assume que "o foco" do CDS em relação ao caso de Tancos é o Governo do PS, que deve ser castigado pelo eleitorado.
"As pessoas têm na sua mão a melhor arma, a melhor ferramenta para mostrarem se convivem bem ou mal com este tipo de situação. É no dia 6 de outubro, é no voto nas urnas [que a podem usar]. Neste momento, o que é importante é que as pessoas se posicionem em relação a um Governo que atuou muito mal. Este é o nosso foco e não farei qualquer outro comentário sobre o assunto", rematou Assunção Cristas.
Na terça-feira, em Nova Iorque, o Presidente da República reiterou nunca ter sido informado, por qualquer meio, sobre o alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas de Tancos, e sublinhou que "é bom que fique claro" que "não é criminoso".
"Espero que seja a última vez que falo sobre a matéria, até porque se aguarda a todo o momento a acusação, no caso de ela existir, e o que haja a investigar contra quem quer que seja, sem qualquer limitação, seja investigado", afirmou.
A TVI noticiou nesse dia que o major da PJ Militar Vasco Brazão se referiu, numa escuta telefónica, ao Presidente da República, como o "papagaio-mor do reino", que, segundo ele, sabia de tudo.
Em declarações à TVI, o advogado de Vasco Brazão, Ricardo Sá Fernandes, afirmou que tal afirmação "não teve em mente atingir o Sr. Presidente da República".
"De resto, o meu representado não tem conhecimento que o sr. Presidente da República estivesse a par dos factos relativos ao achamento do material de guerra furtado em Tancos", disse Ricardo Sá Fernandes, àquela televisão.
O furto de armas de guerra nos paióis de Tancos foi divulgado em 29 de junho de 2017.
Um dos arguidos do processo é o ex-ministro da Defesa Nacional José Azeredo Lopes, que está proibido de contactar com os outros arguidos, com o seu ex-chefe de gabinete e com o antigo chefe de Estado Maior do Exército, general Rovisco Duarte.