Rui Rio deve avançar com uma candidatura à liderança do PSD depois do Conselho Nacional do partido que se reúne esta terça-feira à noite para analisar os resultados das eleições autárquicas de domingo. O antigo presidente da Câmara do Porto reuniu-se ontem à noite com várias figuras do PSD em Azeitão, no distrito de Setúbal, e, numa declaração do Diário de Notícias, assume que vai continuar a fazer contactos.
“O que era notícia é que eu não falasse com ninguém nesta altura”, diz Rui Rio. Todos os sinais que Rio tem dando é de que avança, finalmente, para uma candidatura a presidente do partido e, no PSD, tanto entre apoiantes como entre quem não gostar do ex-autarca, já ninguém compreenderia que não avançasse. Recorde-se que, nos últimos dez anos, o nome de Rui Rio tem sido várias vezes apontado como provável candidato a presidente do PSD, mas em várias ocasiões acabou por recuar.
Uma dessas ocasiões foi na sucessão a Luís Filipe Menezes, em que acabou por avançar Manuela Ferreira Leite, que agora é uma das principais mobilizadoras de uma candidatura de Rio e foi a primeira voz social-democrata que, logo no início da noite de domingo, pediu a saída de Pedro Passos Coelho.
Perante o resultado das eleições autárquicas, Passos Coelho acabou por anunciar que pode não se recandidatar à liderança no processo eleitoral que o partido vai iniciar e que agora pode acelerar.
O conselho nacional desta terça-feira deveria servir para analisar as eleições autárquicas e, depois, em Novembro, haveria uma nova reunião do principal órgão do partido entre congressos para, então, marcar o calendário das eleições directas e do congresso que, de acordo com os estatutos, deveriam ocorrer no início do próximo ano. O PSD tem congressos ordinários de dois em dois anos, antecedidos por eleições directas.
Entre os vários dirigentes sociais-democratas contactados pela Renascença, ninguém tem certezas sobre o que irá fazer o actual líder, que na segunda-feira, à saída do Palácio de Belém, disse que o seu processo de reflexão estava “a decorrer bem, muito obrigado”. A dúvida é não só se se recandidata ou não, mas também se anuncia já no conselho nacional ou espera pelo dia seguinte.
Também em espera há Luís Montenegro, o ex-líder parlamentar, que pode avançar para uma candidatura caso Passos não o faça. Montenegro estava a contar com um calendário diferente, em que Passos e Rui Rio concorreriam às directas de 2018 e ele teria dois anos para preparar o seu caminho, tanto no trabalho junto das estruturas distritais, como numa estratégica de descolamento de Passos Coelho, de quem foi líder parlamentar durante os anos da troika e até ao Verão deste ano.