A pandemia gerou mudanças no tráfico internacional de droga, criando ainda mais dificuldades às policias que o combatem.
Para contornar o confinamento dos últimos meses, as redes apostaram nos circuitos de transporte marítimo e nas vendas "online", mas também na produção de drogas dentro da Europa.
Estas são conclusões do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, que esta terça-feira apresentou o seu relatório relativo a 2020.
O transporte marítimo já era o preferido para o transporte de grandes remessas de droga entre continentes, mas nos últimos meses ganhou ainda mais importância.
As redes infiltraram-se definitivamente nas cadeias de abastecimento legítimas - usando-as sem que as empresas envolvidas o saibam - e controlam agora mais rotas e mais portos estratégicos.
Já do ponto de vista da distribuição e venda ao consumidor, as restrições impostas pela pandemia levaram à criação de novos mercados "online" e ao incremento daquilo que é possível fazer na "darknet". Por via de tudo isso, também se verificou o desenvolvimento de alguns serviços de entrega de encomendas ao domicílio.
Numa clara tentativa de encurtar distâncias, diminuindo processos logísticos e, desse modo, o risco associado ao trafico, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência revela que está a crescer a produção de drogas dentro da Europa - de todo o tipo de drogas, das tradicionais às novas substancias.
Há registo de cada vez mais laboratórios e mais locais de produção, bem como formas mais diversificadas, criativas e potentes de criar essas drogas.
O relatório hoje divulgado revela ainda um aumento do trafico e do consumo de praticamente todos os tipos de droga - cada vez mais potentes e perigosas - um aumento sustentado de novas drogas - qualquer coisa como meia centena de novas substâncias psicoativas por ano - e ainda o surgimento de os novos desafios que se colocam ao tratamento dos consumidores. Também neste plano, o confinamento trouxe mudanças, sendo necessário inovar, por exemplo, através da telemedicina.