“Quem é que consegue imaginar a vida atual sem navegação por satélite ou observação da Terra? Graças a isso podemos alugar bicicletas e ter acesso a informações muito precisas a partir do espaço. É um novo mercado para empresas que são ativas em satélites, software e lançadores", a citação e o exemplo é do chefe de gabinete da comissária europeia do Mercado Interno, Indústria e PME's e resume parte da política espacial da União Europeia.
Já a Agência Espacial Europeia (ESA) pretende enviar, pela primeira vez, astronautas à Lua, uma indicação que ficou do Conselho Ministerial da ESA de Sevilha, em Novembro passado.
Em comunicado, a ESA indicou, sem avançar datas e sem concretizar os termos, que “os astronautas europeus voarão para a Lua pela primeira vez” num contexto em que agência espacial norte-americana NASA pretende enviar novamente astronautas à Lua em 2024, incluindo a primeira mulher. Apenas astronautas norte-americanos estiveram na Lua, entre 1969 e 1972.
A Agência Espacial Europeia (ESA) já é parceira da NASA na missão Ártemis, com que os Estados Unidos ambicionam regressar à Lua em 2024, ao ter colaborado na construção da nave Orion, que levará os astronautas até à órbita lunar.
O arquipélago dos Açores, para onde está prevista a construção de uma base espacial para lançamento de pequenos satélites, a partir de 2021, na ilha de Santa Maria, é apontado pela ESA como uma das localizações adequadas para a aterragem do Space Rider, um veículo reutilizável de transporte de carga para missões em órbitas baixas e projecto ESA/NASA.
É em também em Santa Maria que Portugal espera fazer o primeiro lançamento espacial nos próximos anos depois de ter constituído há um ano – 18 de março de 2019 – a sua própria agência espacial. A sede da Portugal Space está no antigo edifício do diretor do aeroporto e é a partir da enorme pista do aeroporto internacional (nos primórdios da aviação comercial era chave na travessia atlântica) que serão lançados micro e minissatélites.
A aposta da ESA de colocar europeus na lua e a aposta nacional no exigente universo da indústria espacial são dois exemplos da importância que as instituições europeias e agências governamentais conferem à corrida espacial num momento em que a entrada de actores privados promete revolucionar a indústria.
Um exemplo da redução drástica dos custos de acesso ao espaço é a empresa SpaceX fundada por Elon Musk em 2002 ou a Virgin Galactic de Richard Branson com foguetões reutilizáveis e capazes de colocar no espaço pequenos satélites base para o desenvolvimento de outros negócios. O setor espacial que sempre dependeu dos governos transformou-se, via tecnologia, numa área mais ágil e de menores orçamentos.
O desafio da Europa na área da "new space economy” é um dos temas para a análise de Bruno Reynaud de Sousa. Professor universitário, Reynaud de Sousa é especialista em geoestratégia e segurança, relações Nato-União Europeia e um dos investigadores mais proeminentes no direito espacial e outras áreas da economia espacial.
Bruno Reynaud de Sousa analisa também os temas do momento na Europa incluindo a pressão migratória na Grécia, o quadro financeiro plurianual e a Nato depois do Brexit.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus.