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A investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) aos negócios do lítio, do hidrogénio e da instalação de um data center em Sines resultou em cinco detenções, esta terça-feira. Há ainda mais dois arguidos: o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
O comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) revela que se trata do chefe de gabinete do primeiro-ministro, do presidente da Câmara Municipal de Sines, de dois administradores da sociedade “Start Campus” e de um advogado/consultor contratado por esta sociedade.
O chefe de gabinete do primeiro-ministro é Vítor Escária, 52 anos. Foi nomeado chefe de gabinete de António Costa em agosto de 2020, mas já antes trabalhava no gabinete do primeiro-ministro, dado que entre 2015 e 2019 foi assessor económico, cargo que já tinha desempenhado entre 2005 e 2011, quando José Sócrates era primeiro-ministro.
O presidente da Câmara de Sines é Nuno Mascarenhas, cargo que exerce há 10 anos. Está a meio do seu terceiro mandato, sempre eleito pelo Partido Socialista. Antes foi chefe de divisão na administração do Porto de Sines, entre 2005 e 2013. Nuno Mascarenhas tem 56 anos, é licenciado em Economia e chegou a ser professor de Matemática e Economia.
Os restantes três detidos estão ligados à empresa “Start Campus”. Fonte ligada à empresa confirma à Renascença que se trata do presidente executivo Afonso Salema e do diretor jurídico e de sustentabilidade Rui Oliveira Neves. Quanto ao advogado/consultor contratado pela sociedade, será Diogo Lacerda Machado.
Diogo Lacerda Machado é amigo pessoal de António Costa, tendo sido inclusivamente seu padrinho de casamento. Advogado, Lacerda Machado já foi secretário de Estado da Justiça, entre 1999 e 2002, quando António Costa foi ministro da Justiça, no governo liderado por António Guterres.
Nos últimos anos, Lacerda Machado tem acompanhado de forma próxima a governação de Costa, tendo chegado a representar informalmente o primeiro-ministro em várias negociações sensíveis, nomeadamente dossiers relacionados com a TAP, no caso dos lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo e também no BPI, nas reuniões entre Isabel dos Santos e o catalão CaixaBank.
Afonso Salema, engenheiro industrial formado pelo Instituto Superior Técnico, está há dois na presidência executiva da sociedade “Start Campus”. Antes de chegar à liderança desta sociedade teve várias experiências internacionais em Londres, Nova Iorque e Madrid, sempre na área das energias renováveis, energia e infraestruturas. Afonso Salema chegou a passar pela EDP entre 2009 e 2011.
Rui de Oliveira Neves é advogado, licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Na “Start Campus” é Diretor Jurídico e de Sustentabilidade, cargo que ocupa enquanto é, também, um dos sócios do gabinete de advocacia de Morais Leitão, Rui de Oliveira Neves regressou a este gabinete de advogados onde já tinha estado antes de 2013. Entre 2013 e 2021, Neves chegou a desempenhar funções de gestão na Galp.
João Galamba foi nomeado ministro das Infraestruturas em janeiro de 2023. Já tinha sido secretário de Estado do Ambiente e da Energia no anterior Governo, além de secretário de Estado Adjunto e da Energia e secretário de Estado da Energia em governos anteriores, desde 2019. Antes, foi deputado do PS, de 2009 a 2019, tendo sido vice-presidente do grupo parlamentar socialista. Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, concluiu a parte letiva do Doutoramento em Ciência Política na London School of Economics, tendo lecionado Filosofia Política no departamento de Government.
Nuno Lacasta é presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente desde 2012. É licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), tem um mestrado pelo Washington College of Law da American University e o Advanced Management Program da Kellogg Business School/Católica Business School.