O secretário-geral do PS fez duras críticas ao Governo e ao governador do Banco de Portugal sobre a venda do Novo Banco, exigindo-lhes explicações urgentes, enquanto o líder comunista defendeu o "controlo público" desta instituição financeira.
O tema do processo de alienação do Novo Banco foi abordado por Jerónimo de Sousa e António Costa já na parte final do frente-a-frente na SIC/Notícias, com o secretário-geral do PS a atacar a actuação do executivo PSD/CDS e do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e a advertir sobre os riscos do adiamento da venda.
"O que é gravíssimo é que o senhor governador [do Banco de Portugal] tenha entendido que está no âmbito das suas funções fazer o favor político ao Governo, iludindo os portugueses que esta era uma solução sem risco, quando esta solução tem riscos, desde logo com 3,9 mil milhões de euros que o Estado lá tem colocado, que é dinheiro dos contribuintes. Neste momento é dever do Governo e do governador do Banco de Portugal explicarem tudo o que está por explicar. É estrito dever explicar qual a situação em que estamos", declarou o líder socialista.
Antes, o secretário-geral do PCP tinha defendido a necessidade de sujeitar o Novo Banco ao controlo público.
"Aliás, a primeira intervenção que o Estado fez foi lá depositar 3,9 mil milhões de euros para colmatar o buraco negro que ali está. Esse dinheiro, que é dinheiro nosso, tem de ser usado. Vamos estar outra vez numa situação tipo BPN (Banco Português de Negócios)?", questionou Jerónimo de Sousa.
Neste ponto, António Costa acusou o Governo e o governador do Banco de Portugal de "imprudência" ao longo do processo de criação e alienação do Novo Banco e deixou várias advertências: "Ainda na semana passada, o ministro [da Economia] Pires de Lima, que é sempre muito prolixo a dar lições a todo o mundo, explicava que quanto mais tarde fosse feita a venda, pior seria, o que, aliás, é simples de perceber".
O secretário-geral do PS referiu então que, nos termos da lei, o Novo Banco tem um prazo de dois anos para ser alienado, caso contrário fica sujeito a dissolução.
"É evidente que quanto mais perto estivermos da dissolução maior é o poder negocial do eventual comprador. Como é que o Governo, que ainda na semana passada proclamava isto, de repente diz que não se ter resolvido [a venda] não tem afinal problema nenhum. Isto é a falta de credibilidade total do Governo e, infelizmente, de uma instituição como o Banco de Portugal", acrescentou António Costa.