Emergência médica. Sindicato diz que atrasos no socorro decorrem de falta de pessoal
23-07-2022 - 12:33
 • Teresa Almeida com Renascença e Lusa

Uma idosa caiu na rua, em Lisboa, e acabou por morrer no hospital, após mais de uma hora de espera por socorro. Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar diz que as queixas "são diárias" e anuncia que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público.

O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, diz que são "diárias" as queixas de atrasos no socorro de doentes, devido à falta de profissionais.

"Temos recebido denúncias com uma frequência quase diária, de atrasos efetivos no socorro, em dezenas de ocorrências, muitas delas de mais de uma hora de tempo de espera", diz o dirigente sindical à Renascença, depois de conhecido o caso da morte de uma idosa, em Lisboa, após mais de uma hora à espera de socorro.

Rui Lázaro lembra que o sindicato levou "alguns destes exemplos ao conhecimento dos deputados", mas nada se corrigiu. "Infelizmente, morrem pessoas. É necessário corrigir isto", reforça.

"É necessário contratar mais técnicos e fixar os que já cá estão, porque a carreira está muito pouco atrativa", diz o dirigente, para quem é "desajustado" pagar "pouco mais do que o salário mínimo" a pessoas que têm "a responsabilidade de tomarem ações que podem determinar a vida ou a morte de pessoas".

De acordo com o presidente do STEPH, este tipo de ocorrências verifica-se "em todo o país".

"Ainda na semana passado um doente esperou mais de seis horas por uma ambulância que o levasse para Lisboa", exemplifica.

O dirigente sindical aponta que é nas cidades que há mais ocorrências. de socorro, pelo que "é natural que os casos que vêm a público tenham ocorrido em cidades".

Segue queixa

O STEPH vai apresentar uma queixa ao Ministério Público (MP) sobre o problema dos atrasos na prestação do socorro pelo INEM.

“Estamos a preparar uma denúncia para apresentar no MP dando nota destes atrasos e das consequências que isto tem na vida e na morte das pessoas”, disse à agência Lusa o presidente do sindicato, precisando que a queixa será entregue nos próximos dias.

A queixa, que vai incluir todas as denúncias que chegam ao sindicato dos técnicos de emergência médica sobre os tempos de espera para o envio de ambulâncias do INEM para um serviço de emergência, está a ser preparada já há algum tempo, tendo o STEPH já dado conta desta situação aos grupos parlamentares, durante as reuniões que tiveram este mês.

O INEM sustenta que “continua a registar um aumento muito acentuado da sua atividade”.

Segundo aquele instituto, na segunda-feira, dia em que a mulher ficou à espera de ambulância, foram recebidas 4.715 chamadas de emergência no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, mais 952 chamadas que em igual período de 2021.

“Concretamente em relação à cidade de Lisboa, nos primeiros seis meses de 2022 há registo de 48.410 ocorrências, um acréscimo de 23% comparativamente a 2021”, precisa o INEM.

O INEM indica ainda que, desde o início de junho, reforçou o dispositivo de meios para o verão, operados pelos parceiros do INEM, com um acréscimo de 23 meios no país, com mais quatro ambulâncias a reforçar a área metropolitana de Lisboa.