O Papa Francisco pedi, neste sábado à noite, durante a Vigília Pascal, a coragem de não reduzir a fé a um amuleto e desafiou a levar Jesus para a vida de todos os dias, com gestos de paz neste tempo marcado pelos horrores da guerra.
A este propósito, no fim da homilia, Francisco dirigiu-se ao autarca de Melitopol e a três parlamentares ucranianos que assistiram às cerimónias na Basílica de São Pedro.
“Na escuridão que vivem, a escuridão da guerra, crueldade, todos nós rezamos por vocês e com vocês nesta noite. Rezamos por tanto sofrimento e somente podemos dar a nossa companhia e oração. Dar-vos coragem e acompanhar-vos. E também dizer-vos a coisa maior que hoje se celebra: Cristo ressuscitou”, afirmou.
Ainda durante a cerimónia, o Papa afirmou também que, à semelhança das mulheres que foram ao sepulcro, as três ações de “ver, escutar e anunciar” fazem entrar na Páscoa do Senhor.
“As noites de guerra são atravessadas por rastos luminosos de morte. Nesta noite, irmãos e irmãs, deixemo-nos guiar pelas mulheres do Evangelho, para descobrir com elas a aurora da luz de Deus que brilha nas trevas do mundo. Veem, escutam, anunciam: com estas três ações, entremos também nós na Páscoa do Senhor”, disse.
O Papa apontou que o “primeiro anúncio da Ressurreição é feito, não sob uma fórmula a decifrar, mas sob um sinal que se deve contemplar” que, frequentemente se olha a realidade de “olhos voltados para baixo, fixando-se no dia que passa” e “desiludidos” quanto ao futuro, fechados nas necessidades e acomodados “na reclusão da apatia”.
“Permanecemos imóveis diante do túmulo da resignação e do fatalismo; sepultamos a alegria de viver”, aponta.
Francisco pediu que “levantemos o olhar, retiremos dos nossos olhos o véu da amargura e da tristeza, abramo-nos à esperança de Deus”.
A celebração deste sábado foi presidida pelo Cardeal Giovanni Battista Re. O Papa Francisco, que há meses sofre com uma dor no joelho direito, leu a homilia e depois prosseguiu com o rito do batismo de sete catecúmenos.