No primeiro domingo em que a Igreja Católica voltou a celebrar missa sem presença do povo, o presidente da Conferência Episcopal Portugal, D. José Ornelas, apelou à responsabilidade e à esperança. “Deus não quer ninguém resignado nesta pandemia”, afirmou a missa celebrada na Sé de Setúbal e transmitida nas redes sociais.
“É claro que estes tempos são difíceis. Ficar em casa quando me apetecia estar fora, quando era bom estar fora, ficar longe das pessoas de quem eu gosto e abraçá-las e estarmos juntos e isso não ser possível não é bom, mas Jesus também passou por situações destas”, afirmou o bispo de Setúbal e presidente da CEP.
Converter-se, esse movimento permanente a que todos os católicos são chamados, significa neste momento converter também os afetos para que sejam “expressos de outro modo”, disse D. José Ornelas, apelando à responsabilidade de todos. “Sejamos gente que ama como Jesus amou, que sonha como Jesus e que faz caminho também quando é difícil, também quando parecia que era mais fácil e mais agradável de outro modo, mas agora é preciso ser assim. Agora é preciso conter-se, agora é preciso ser responsável, agora é preciso que pensemos todos uns nos outros”, continuou o bispo, ressalvando que este não é um caminho de resignação.
“Este não é um caminho de simplesmente baixar a cabeça e dizer 'resignamos'. Não! Não queremos ninguém resignado, Deus não quer ninguém resignado nesta pandemia, quer gente que, a partir desta pandemia, diga há mais mundo, há mais vida”, exortou.
E esse caminho também é o indicado mesmo quando a situação se torna ainda mais difícil e cada um se confronta com o contágio ou mesmo com o internamento hospitalar.
“Pensamos muitos nos que estão lá a sofrer, mas naqueles que sofrem para aliviar o seu sofrimento, são lugares de luta e de luta tantas vezes dolorosa, mas essa luta dolorosa cria esperança, esperança de vida, esperança de que sejamos cada vez mais capaz de sair desta pandemia dizendo ‘E Deus está no meio de nós, por isso atravessamos estas crises, mas vamos construir um mundo melhor’”, concluiu D. José Ornelas.