O líder dos trabalhistas britânicos, Jeremy Corbyn, instou esta quinta-feira os restantes partidos a apoiarem uma moção de censura ao primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, e a convocação de eleições antecipadas para evitar um Brexit sem acordo.
Numa carta publicada no Twitter na quarta-feira à noite e enviada aos líderes da oposição parlamentar e a vários deputados conservadores que se opõem a uma saída da União Europeia sem acordo, Corbyn afirma que se esse plano for bem sucedido pedirá um adiamento da data prevista para a saída da União Europeia (UE), 31 de outubro, e convocará um novo referendo.
“Uma vez aprovada a moção de censura, eu, como líder da oposição, pedirei o apoio do parlamento para um governo provisório com o objetivo de convocar eleições e conseguir a necessária extensão do artigo 50.º” do Tratado da UE.
“Nessas eleições, o Partido Trabalhista compromete-se a uma consulta pública sobre os termos da saída da UE, incluindo a opção de permanecer” na União, acrescenta.
Na carta, Corbyn sustenta que o Governo de Johnson não tem mandato para um Brexit sem acordo e que o referendo de 2016 não dá a nenhum governante UM mandato para uma saída sem acordo.
Boris Johnson, que sucedeu a Theresa May a 24 de julho, prometeu que o Reino Unido sairá da UE a 31 de outubro, com ou sem acordo.
“Sem sentido”
A proposta de Corbyn foi considerada “sem sentido” pela líder dos Liberais Democratas, Jo Swinson, para quem o líder trabalhista “não é a pessoa que pode construir uma maioria, mesmo que temporária, na Câmara dos Comuns”.
O líder parlamentar do partido nacionalista escocês SNP, Ian Blackford, manifestou o seu apoio a uma moção de censura ao primeiro-ministro e a deputada do partido galês Plaid Cymru Liz Saville Roberts disse-se aberta a um governo de unidade.
Da parte do executivo, um porta-voz de Downing Street reagiu à proposta afirmando que os britânicos estão perante “uma escolha clara”.
“Ou Jeremy Corbyn como primeiro-ministro, que passará por cima do referendo e destruirá a economia, ou Boris Johnson como primeiro-ministro, que respeitará o referendo e conseguirá mais dinheiro para o serviço nacional de saúde e colocará mais polícias nas ruas”, disse o porta-voz.
A possibilidade de apresentar uma moção de censura a Boris Johnson quando a Câmara dos comuns voltar a reunir-se a 03 de setembro, tem sido evocada por políticos e analistas nos últimos dias.
A ser apresentada e aprovada, o primeiro-ministro disporia de um prazo de 14 dias para recuperar a confiança do Parlamento e, se não o conseguir, convocar eleições.