Não era o que tinham imaginado, mas foi assim que a pandemia ditou. Ao fim de quase 40 anos de recolha de donativos, em plena pandemia, com máscaras e regras apertadas, a Paróquia de São Salvador de Grijó conseguiu abrir as portas do lar de idosos com que sonhavam.
“Havia um desejo muito grande de iniciar o lar, porque as pessoas durante muitas décadas as pessoas esperaram e desejaram isto e nós tínhamos de cumprir a nossa missão”, explica o pároco António Coelho, quando questionam sobre se pensaram adiar a abertura do lar onde agora moram 31 pessoas.
“O lar para nós foi muito importante. Nós tínhamos pessoas em Bragança, no Caramulo, no Algarve, pessoas que eram daqui e já alguns puderam regressar e foram admitidos aqui no nosso lar. Isso foi uma grande conquista, foi extraordinário”, explica com visível orgulho.
No entanto, o lar de idosos está longe de ser a única resposta que o Centro Social desta paróquia tem em marcha.
O Centro Social tem, por exemplo, centro de dia para 29 idosos. Foram todos para casa e juntaram-se aos outros 40 a quem já davam apoio domiciliário.
António Coelho explica que “a contratação de recursos humanos é o mais complicado”. A exigência física e emocional é elevada e a tabela salarial das IPSS 's é pouco motivadora”, argumenta.
O Centro Social também faz parte do programa municipal “Gaia Aprende Mais” que dá apoio a mais de 400 crianças nas horas antes e depois das aulas. Também neste caso, quando os alunos recolheram a casa, houve que arranjar forma de continuar a acompanhá-los.
“Foi desenhado um Gaia Aprende Mais Digital onde proporcionávamos estudo acompanhado e atividades através dos meios digitais, nomeadamente as videochamadas”, explica.
No plano de apoio às famílias, o Centro Social ajuda pessoas carenciadas e famílias em risco, um trabalho que ficou mais difícil de fazer, dado que “foram suspensos os atendimentos presenciais e as visitas domiciliárias”. António Coelho diz que tal situação “tornou muito difícil o acompanhamento às famílias, deixando muitas preocupações relativamente às famílias com crianças e com jovens em risco ou idosos em situação de isolamento social”.
Neste rol de respostas sociais, o Padre António Coelho conta que ainda foram desafiados para prestar mais apoio a pessoas carenciadas, tendo mais que duplicado o número de pessoas a quem distribuem alimentos.
Tantas respostas e tantas valências obriga a grande organização e a pandemia, vistas bem as coisas, até ajudou a ajustar modos de trabalho.
“Isto ajudou a criar maior interação e maior colaboração. É de facto muito importante em qualquer instituição esta sintonia, mais preocupados, mais sintonizados. É uma lição com a qual ficamos e que é importante para o futuro”, remata.
Respostas Sociais à Pandemia é uma rubrica da Renascença com apoio da Câmara Municipal de Gaia que surge no seguimento da Conferência "Pandemia: Respostas à Crise" onde se debateu em maio de 2021 o papel das Instituições Sociais e do Poder Local.