António Costa sublinhou, esta quinta-feira, que a luta contra a pandemia da Covid-19 não terminou e que é necessário cumprir à risca todas as medidas de prevenção, de forma a impedir que o país volte a parar.
Foi esta a mensagem do primeiro-ministro após a reunião do Conselho de Ministros em que ficaram definidas as medidas contempladas para a entrada em situação de contingência, na próxima terça-feira, dia 15. Em conferência de imprensa, António Costa frisou que "há uma linha vermelha fundamental" que o Governo não pretende voltar a ultrapassar.
"Não queremos voltar a encerrar as escolas. Este ano letivo, vai ter de ser feito um esforço acrescido para recuperação de aprendizagens. Não podemos voltar a fechar a economia como fechámos em março e abril. A linha vermelha é o comportamento que todos nós temos de ter a cada momento. Não há melhor fiscal de cada um de nós do que nós próprios. Não podemos ter um inspetor atrás de cada pessoa, em cada empresa, em cada local de trabalho. Cada um tem de fiscalizar e tem de cumprir as regras. Temos de conseguir fazer este esforço e não podemos dar este jogo por ganho, porque o jogo não está ganho. Esta batalha continua e depende única e exclusivamente de cada um de nós", declarou.
Costa pede fim dos ajuntamentos fora das escolas
Para impedir que se volte a ultrapassar essa "linha vermelha", António Costa apresentou um conjunto de novas restrições, para esta "nova fase em que as pessoas tenderão a regressar de férias" e as escolas vão reabrir, o que obriga a "adotar medidas preventivas".
Desde logo, estabelecimentos como cafés e restaurantes que se situem num raio de 300 metros em torno das escolas terão limitação a grupos de quatro pessoas no interior.
"Todos sabemos bem os custos de aprendizagem para as crianças, os custos para a vida familiar que o encerramento das escolas teve. Por isso temos de nos organizar para fazer um grande esforço para que tudo possa correr bem para que o ano letivo possa decorrer tanto quanto possível só com ensino presencial. O objetivo tem de ser sempre procurarmos detetar [novos casos] o mais rapidamente possível para que o isolamento seja o mais contido possível", vincou.
António Costa pediu a pais e alunos que tenham consciência de que "um grande fator de contágio não se desenvolve na escola, mas no percurso de casa para a escola e da escola para casa". Por isso, anunciou medidas especiais para quaisquer estabelecimentos que se encontrem num raio de 300 metros de estabelecimentos de ensino:
"Se queremos ter um ano letivo tão tranquilo e seguro quanto possível, requer cuidados particulares, dentro e fora da escola. Isso é essencial para evitar as contaminações na escola e na família. Todos temos a responsabilidade de nos protegermos a nós próprios e os outros. O risco de contágio fora da escola não é menor do que dentro da escola. Os ajuntamentos à saída da escola têm de ser evitados a todo o custo."
No geral, fora do universo escolar, os ajuntamentos estarão limitados a 10 pessoas. António Costa garantiu que não há qualquer tipo de "juízo moral ou preconceito contra a festa".
"Pelo contrário. A questão é estritamente de saúde pública. Transmitimos este vírus uns aos outros, por isso quanto mais próximos estivermos, maior é o risco de transmissão", evidenciou o primeiro-ministro.
Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto preocupam
António Costa assumiu que, como esperava, "tem-se vindo a verificar um constante aumento de novos casos desde o fim da fase de confinamento". Contudo, frisou que "não se pode ignorar que a incidência desta pandemia concentra-se muito em particular nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto".
"É necessário fazer um esforço acrescido para evitar concentração de pessoas, designadamente nos transportes públicos e no local de trabalho, por isso vamos manter, paras Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, as medidas previstas em matéria de teletrabalho", anunciou o primeiro-ministro.
A intenção é implementar "horários em espelho", de modo a "reduzir ao máximo os movimentos pendulares" e assegurar o "desfasamento horário, quer nas entradas e saídas, quer nas pausas e refeições".
Menos de 700 casos em 90 mil residentes em lares
O crescimento do número de novos casos do novo coronavírus em Portugal, nesta metade final do verão, "seja por um natural relaxamento de cada um seja por multiplicação de atividades de deslocação e encontro, preocupa o Governo. Contudo, António Costa destacou que "a grande concentração de novos casos estabelece-se entre os 20 e 39 anos, com maior prevalência de casos assintomáticos e de menor gravidade".
Os casos nos lares preocupam mais, porém, o primeiro-ministro assinalou que, "não obstante a gravidade dos casos", tem-se verificado "um universo de contágio relativamente reduzido".
"Das 90 mil pessoas residentes em lares, temos neste momento 631 casos ativos. Obviamente, todos merecem a maior preocupação, porque atingem uma faixa etária de maior risco. Mas existem surtos em menos de 1% dos lares", destacou António Costa, que ainda assim assumiu a necessidade de "reforçar os cuidados médicos em cada lar".
Por isso, foram criadas, na semana passada, brigadas de emergência com médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico que "possam agir de forma muito rápida perante qualquer surto, em qualquer lar, de forma a permitir o diagnóstico o mais precocemente possível, para evitar que os casos sejam conhecidos quando já há dezenas de pessoas infetadas".
Portugal entra em situação de contingência na próxima terça-feira, dia 15 de setembro. Conheça em detalhe todas as medidas previstas.