Portugal assistiu na última semana a um pico de mortalidade em que, durante seis dias, foram registadas mais 50 mortes diárias em relação aos números pré-pandemia. A Covid-19 só explica metade destas.
Entre 9 e 15 de maio, houve um total de 2.443 mortes, das quais 507 são mortes a mais em relação aos anos entre 2017 e 2019, para uma média de cerca de 72 óbitos em excesso por dia.
O dia com mais mortes em excesso foi o último sábado, que registou o maior número de óbitos desde meados de fevereiro e o maior número de mortes em excesso deste ano, em relação aos níveis pré-pandemia.
Além disso, subiu o número de mortes em excesso em maiores de 75 anos: passou de 226 para 250 antes da semana terminar, com a Covid-19 a explicar apenas, em média, 16 mortes na passada semana, e 21 nesta semana.
Destas mais de 2.400 mortes entre 9 e 15 de maio, só 192 dizem respeito à Covid-19. E, à Renascença, o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Antunes, afirma que estes óbitos em excesso se possa dever à “quase” onda de calor que o país viveu na última semana.
“Temos um excesso de mortalidade acima dos 50 óbitos relativamente à média. Poderá estar associado ao aumento de temperatura, juntamente com a Covid-19, que está a contribuir com uma média de 25 a 30 mortes por dia”, que poderá ter empolado os números.
Ainda assim, o matemático considera que o número de mortes por Covid-19 que Portugal está a registar são reais, uma vez que a taxa de letalidade se mantém estável.
No relatório desta semana, a DGS regista a morte de 146 pessoas com mais de 80 anos, um aumento de quase 60% em três semanas.
A região a registar mais mortes foi Lisboa e Vale do Tejo, que viu subir o número de óbitos por covid-19 de 28 para 54, seguida do Centro, com 54 mortes e do Norte, com 50.