O PS considerou este sábado ser sempre "tempo oportuno para um ato de contrição" e "enternecedor" o modo como Cavaco Silva agora vê o poder político já que, quando era primeiro-ministro, pedia que o deixassem governar sem forças de bloqueio.
O antigo primeiro-ministro e antigo chefe de Estado Cavaco Silva fez hoje de manhã, numa participação, por videoconferência, na Academia de Formação Política das Mulheres Sociais-Democratas, duros ataques ao Governo, na gestão na pandemia, na relação com entidades independentes ou no processo de construção europeia, alertando que Portugal poderá ser ultrapassado por todos os países da zona euro em poucos anos.
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, numa reação à agência Lusa, considerou ser "sempre tempo oportuno para um ato de contrição", não deixando de ser "enternecedor ver o professor Cavaco Silva reconhecer que o Tribunal de Contas, o Ministério Público não são forças de bloqueio".
"Noutros tempos recordamo-nos bem das considerações e dos pedidos para que deixassem governar o Governo presidido pelo professor Cavaco Silva", lembrou Carneiro, numa referência à célebre frase do social-democrata "deixem-nos trabalhar".
Para José Luís Carneiro, "não deixa de ser enternecedor ver que, agora fora de funções executivas, há uma outra perspetiva sobre o modo como se governa e como se exercita o poder político".
A propósito das críticas do antigo chefe de Estado sobre um Serviço Nacional de Saúde (SNS) "fragilizado por decisões erradas e graves" por parte do "Governo da "geringonça"", o dirigente socialista considerou interessante o reconhecimento de que "o SNS merece ser reforçado".
"Bem nos recordamos da falta de meios humanos, materiais, de investimento que o SNS teve durante décadas e da própria abertura às privatizações e ao setor privado, mas mais vale tarde que nunca", atirou.
Questionado sobre as críticas de Cavaco Silva de que Portugal vive "numa situação de democracia amordaçada", o socialista respondeu apenas: "Nós já nos conseguimos até esquecer das cargas policiais na Ponte 25 de Abril".
"É a demonstração de que a expressão livre e democrática continua a demonstrar a qualidade da nossa democracia", respondeu o secretário-geral adjunto do PS, quando questionado sobre a dureza das críticas do antigo primeiro-ministro do PSD.