Mais investimento, mais estabilidade, maior flexibilidade e diversidade na oferta formativa. São algumas das orientações positivas que o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) retira do relatório sobre o ensino superior em Portugal, feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Manuel Assunção, admite que ser a OCDE a enumerar necessidades já ha muito referenciadas pelos reitores, pode ajudar a forçar o governo no sentido das reformas. "Quando somos nós a dizer, não somos ouvidos. Quando são entidades externas, tornar-se mais visível e com mais impacto", afirma em entrevista à Renascença.
O CRUP, que numa primeira analise do documento, que diz ser muito extenso, admite que esta é uma avaliação que deve servir de base para a reforma necessária no Ensino Superior.
A avaliação da OCDE, feita a pedido do governo, conclui que o nosso país precisa de 100 milhões de euros, para a investigação e desenvolvimento. Os reitores partilham desta "preocupação pelo aumento do investimento público no sistema e pela estabilidade nesse financiamento público".
Manuel Assunção destaca ainda a ênfase do documento para a necessidade de maior flexibilidade e autonomia das instituições de ensino superior e maior diversidade da oferta formativa, bem como "a revisão dos mecanismo de entrada [na universidade], para podermos garantir que os estudantes que estão no ensino profissionalizante possam ter boas perspetivas de acesso ao ensino superior".
Segundo relatório da OCDE diz que Portugal tem falta de estratégia concertada para ciência, inovação e ensino superior. Para o Conselho de Reitores, passa sobretudo por "criar mais relações e mais intensas com o mundo industrial".
No entanto, Manuel Assunção admite que este relatório tem matérias que necessitam de uma explicação mais pormenorizada. "A questão da coesão do próprio país é insuficientemente tratada. Nós temos assimetrias brutais entre o litoral e o interior. Cada concurso nacional de acesso [ao ensino superior] retira às regiões do interior um talento muito significativo, que às vezes chega aos 85%. São jovens que concorrem ao ensino superior fora desse distrito e a maior parte deles jamais voltará. É preciso também usar o ensino superior para melhorar essa coesão", nota.
O vice-presidente do CRUP admite que é um esforço de financiamento acrescido para o Estado, mas acrescenta que "os privados têm de ajudar o setor público a garantir esse maior investimento no sistema".
As conclusões preliminares da OCDE foram apresentadas esta sexta-feira. O relatório final sobre o estado do sistema científico, de ensino superior e inovação em Portugal será publicado na primavera.