A Turquia não vê "nenhuma outra solução" alternativa ao acordo de exportação de cereais alcançado com a Rússia, disse hoje em Kiev o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, descartando uma possível rota envolvendo os Estados Unidos.
"Sabemos que estão a ser procuradas outras rotas, mas não vemos qualquer solução alternativa ao acordo original, devido aos riscos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, aos jornalistas numa visita a Kyiv.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, abordou hoje "muitos assuntos importantes", entre os quais a situação do corredor de cereais do mar Negro, numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco.
"Foram debatidos muitos assuntos importantes. A Fórmula de Paz. Os preparativos para a Cimeira de Paz Global. Os riscos do bloqueio russo do corredor de cereais do mar Negro", anunciou Zelensky no seu canal da plataforma digital Telegram.
"Estou grato à Turquia pelo seu contínuo e coerente apoio à Ucrânia", acrescentou.
Moscovo, que denuncia obstáculos às suas próprias exportações de cereais devido às sanções ocidentais, realizou vários ataques nas últimas semanas às infraestruturas portuárias ucranianas em Odessa e nos portos do Danúbio.
A Ucrânia procura parceiros para impulsionar as suas exportações, nomeadamente através do Mar Negro, onde desafiou recentemente Moscovo com a viagem de um navio cargueiro com bandeira de Hong Kong, que não foi atacado pela Rússia apesar das suas ameaças.
Kyiv também realizou vários ataques a navios russos no Mar Negro, incluindo um petroleiro, e por sua vez ameaçou embarcações que se dirigiam para portos russos.
A Turquia há muito que atua como mediadora entre os dois países em guerra, patrocinando nomeadamente, com a ONU, a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, entretanto abandonado pela Rússia.
As relações entre a Turquia e a Rússia tornaram-se tensas depois de Ancara dado luz verde à adesão da Suécia à NATO na última cimeira da organização em julho e de ter entregado à Ucrânia comandantes ucranianos do Regimente Azov capturados no cerco de Mariupol e depois libertados por Moscovo quando o acordo previa a sua permanência em território turco até ao fim da guerra.
Fidan reuniu-se também com o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmygal, com quem discutiu temas como a intensificação do comércio e a cooperação económica, bem como a futura reconstrução da Ucrânia.
"Esperamos concluir todos os processos relacionados com a entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio o mais brevemente possível", afirmou o primeiro-ministro no Telegram.