O presidente da CP desmentiu esta terça-feira que haja composições a circular com apenas um maquinista, uma das principais queixas enumeradas pelos funcionários da empresa ferroviária que estão hoje em greve.
Carlos Nogueira garante que as composições continuam a circular sempre com dois agentes e não apenas com o maquinista como alegam os trabalhadores.
“A CP não fez, não faz, não fará serviços sem dois agentes escalados de entre as categorias profissionais previstas na regulamentação de segurança ferroviária, quer a nível nacional, quer da própria CP, que tem uma regulamentação própria depositada junto do Instituto de Mobilidade e Transportes”, garante o responsável.
Já José Manuel Oliveira, dirigente sindical da FECTRANS, a Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações, quer regulamentação clara sobre o assunto.
Para o sindicalista, a "boa vontade" do atual presidente da CT não basta.
"Não queremos que isto fique nas boas vontades do presidente da CP, que hoje é este e amanhã poderá ser outro. O que nós queremos é que a regulamentação seja clara e que ponha todos os operadores dentro das mesmas condições. Hoje o presidente diz assim, mas amanhã com a atual regulamentação que existe um outro presidente da CP pode ter uma interpretação diferente e, por sua iniciativa, passar a operar apenas com um agente."
A partir do próximo ano, alerta José Manuel Oliveira, vai estar em marcha "a liberalização do transporte ferroviário", na sequência da qual poderão surgir "novos potenciais operadores", o que por sua vez "pode levar a que as empresas que hoje já cá estão se comecem a defender da concorrência de outros baixando os custos e reduzindo o número de trabalhadores".
Entre os trabalhadores que poderão vir a ser despedidos contam-se os que ocupam os cargos de revisores, funcionários das bilheteiras e as suas chefias diretas, num total de quase mil funcionários.
Impacto da paralisação
Até às 10h desta manhã, a CP registou 40% de supressões de comboios no âmbito da greve de 24 horas que termina à meia-noite e que, segundo o presidente da empresa, deverá ter um impacto de 700 mil euros.
Em declarações aos jornalistas, ainda antes do início da paralisação, Carlos Nogueira explicou que, mesmo com serviços mínimos e os "esforços da CP", até às 10h "a taxa de supressões atingiu os 40%".
Questionado sobre os prejuízos da segunda paralisação deste mês, o responsável informou que "não andará longe de 700 mil euros", mas que os números exatos serão conhecidos mais tarde.
Sobre a anterior greve, no passado dia 4 de junho, Carlos Nogueira revelou que a perda de receita para a empresa foi de 1,3 milhões de euros.
Para o final deste mês está já convocada outra paralisação de dois dias apenas no Norte do país, guiada pelo mesmo caderno de reivindicações.