A presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Pedrógão Grande diz que a estratégia judicial já está montada, mas não avança mais pormenores, no dia em que houve a eleição dos órgãos da associação.
"Relativamente às questões judiciais, permitam-me que não partilhe estratégias [da associação]. É uma coisa muito nossa e faz parte do segredo. A estratégia judicial já está montada, só posso avançar isso", disse Nádia Piazza, no final de uma reunião que decorreu no auditório da Câmara de Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.
A recém-eleita presidente da direção sublinhou que, a partir desta eleição para os órgãos diretivos, a mesa da assembleia e o conselho fiscal estão a funcionar com plenos poderes.
A associação fez saber, recentemente, que pondera uma acção coletiva contra o Estado e pretende constituir-se como assistente no inquérito que investiga as causas e os culpados do fogo que começou naquele concelho, em Junho. E adiantou que os esforços da associação serão sempre no sentido do apuramento de responsabilidades de culpados do incêndio.
"Vamos investir no apuramento de responsabilidades. Temos feito, até aqui, um trabalho junto das populações, nas questões de saúde e sociais. Para nós, o mais importante é o apuramento de responsabilidades, até para evitar futuras tragédias", frisou.
Nádia Piazza sublinhou ainda, em relação às conclusões dos relatórios, que não esperam por grandes conclusões.
"Os relatórios são todos parcelares. Estamos à espera que saiam todos, naturalmente, da Comissão Técnica Independente. Esse não vai ser o último. O último vai ser o da Polícia Judiciária [PJ], sendo certo que o da PJ tem um peso fulcral no âmbito do inquérito", disse.
A responsável frisou, no entanto, que o relatório da PJ, que tem um peso fulcral, já foi anunciado para o final do ano.
Para a presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Pedrógão Grande, os prazos são razoáveis, dada a complexidade de todo o processo: "Nós temos calma", disse.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de Junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
O fogo, que atingiu também Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, do distrito de Leiria, chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.