A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse esta terça-feira que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas continuam a surpreender e “não deixa de ser extraordinário” que tenham chamado para o Governo uma figura que defendeu Ricardo Salgado.
“Não deixa de ser extraordinário como Passos Coelho e Paulo Portas não deixam de surpreender mesmo nestes momentos”, vincou a bloquista, referindo-se à nomeação de João Calvão da Silva para ministro da Administração Interna (MAI).
João Calvão da Silva foi notícia em 2013 por ter emitido um parecer por escrito atestando a idoneidade de Ricardo Salgado para continuar a exercer funções no então Banco Espírito Santo (BES), parecer esse utilizado pelo ex-banqueiro como defesa junto do Banco de Portugal (BdP).
Falando em conferência de imprensa na sede nacional do Bloco, em Lisboa, no final de um encontro com o jornalista e activista angolano Rafael Marques, Catarina Martins declarou ainda que o Presidente da República, Cavaco Silva, colocou Portugal numa posição “constrangedora” de ver um executivo ser formado quando se sabe de antemão que o mesmo não será viabilizado na Assembleia da República.
Paulo de Morais: Cavaco não deve dar posse a Calvão da Silva
Esta crítica já tinha sido feita por Paulo de Morais, na sua página do Facebook. O candidato presidencial diz mesmo que o actual presidente da República não devia dar posse a João Calvão da Silva.
“O Banco Espírito Santo (Angola) emprestou 800 milhões a Marta dos Santos, irmã do presidente angolano, para esta construir um empreendimento imobiliário em parceria com o construtor José Guilherme. O mesmo José Guilherme deu uma prenda de 14 milhões a Ricardo Salgado. Segundo parecer de Calvão da Silva, futuro ministro, esta ‘liberalidade’ justifica-se pelo ‘bom princípio geral de uma sociedade que quer ser uma comunidade – comum unidade –, com espírito de entreajuda e solidariedade’. Foi deste modo que Calvão da Silva levou o governador Carlos Costa a manter a idoneidade do ex-presidente do BES", ataca Paulo de Morais.
“Quem atesta a idoneidade de Ricardo Salgado para presidente de Banco não tem idoneidade para Ministro”, conclui o candidato a Belém.
A proposta de composição do XX Governo Constitucional apresentada pelo primeiro-ministro indigitado, Pedro Passos Coelho, é composta por um vice-primeiro-ministro mais 15 ministros, dos quais oito são novos, e inclui quatro mulheres.
Em comparação com o anterior Governo, são criados três novos ministérios na orgânica do XX Governo: o Ministério da Cultura, Igualdade e Cidadania, o Ministério dos Assuntos Parlamentares - que deixa de estar integrado com a Presidência - e o Ministério da Modernização Administrativa. Por outro lado, o Ministério do Desenvolvimento Regional é agora integrado no Ministério da Presidência.