Os juros deverão atingir o pico nos primeiros três meses de 2023, de acordo com a estimativa de especialistas da Allianz Trade, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, no estudo “Europe: How big will the interest rate shock be in 2023?”
Segundo o trabalho da seguradora, o impacto do aumento dos juros de referência por parte do Banco Central Europeu deverá chegar em breve aos agentes económicos e em grande força.
O choque das taxas de juro irá atingir famílias e empresas na primeira metade de 2023. Ainda segundo estes especialistas, o pico das taxas de juro de referência na zona euro deverá ser alcançado já no primeiro trimestre de 2023.
Recorde-se que, em entrevista à RR, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, já admitiu que devemos passar o pico da inflação no último trimestre de 2022.
Ainda segundo este estudo, em Portugal o período médio de passagem da taxa de juro de referência para as taxas bancárias deve acontecer no segundo trimestre de 2023, tal como está previsto para Espanha e Itália (na Alemanha e em França só deverá acontecer no terceiro trimestre).
Famílias com menos poder de compra
A consequência imediata para as famílias é a perda de poder de compra. Ainda assim, estes economistas acreditam que as poupanças acumuladas durante a pandemia podem atenuar este efeito.
Outra consequência, que já se observa em Portugal, é o aumento das restrições no acesso ao crédito. “Num contexto de subida das taxas de juro e de agravamento das perspetivas económicas, a dinâmica favorável de crédito na Zona Euro não deverá durar muito mais tempo”, diz Ana Boata, Head of Economic Research da Allianz Trade.
“É possível que os padrões de crédito se tornem mais restritivos à medida que os bancos diminuem a sua tolerância ao risco”, acrescenta.
Empresas com quebras nas margens
As empresas deverão também sentir a subida dos juros no primeiro semestre de 2023, através da Euribor.
A Allianz Trade estima “que a dívida das empresas não financeiras deverá escalar para novos recordes em termos absolutos”. Antecipa ainda “um aperto global das condições financeiras”. Os dois efeitos vão agravar as despesas com juros e aumentar os custos das empresas.
Outra consequência da subida das taxas de juro de referência é o aumento das prestações. As empresas vão pagar mais para se financiarem, o que vai diminuir as margens de lucro. Na área do euro, as economias que correm mais riscos são Itália, Espanha e França.