Um grupo de investigadores descobriu, na fronteira entre a Zâmbia e a Tanzânia, aquilo que se acredita serem os restos da estrutura de madeira mais antiga do mundo.
As descobertas foram publicadas na revista Nature e sugerem que os antepassados humanos da idade da pedra construíram o que poderia ser abrigos.
“Esta descoberta mudou a forma como penso sobre os nossos primeiros antepassados”, disse o arqueólogo e Professor Larry Barham, líder da expedição.
A estrutura é feita a partir da moldagem de dois troncos, com ferramentas de pedra afiadas, e pode ter feito parte de uma plataforma usada pelos antepassados que viveram ao longo do rio Kalambo, há quase 500 mil anos.
Marcas nos troncos mostram que a estrutura foi cortada, picada e raspada com uma série de ferramentas e materiais de pedra encontrados no local, o que pode indicar a “elevada” complexidade da construção, para a época.
“Quando vi pela primeira vez, pensei que não pudesse ser real. A madeira e a pedra sugerem um alto nível de engenhosidade, habilidade tecnológica e planejamento”, disse o professor Larry Barham, arqueólogo da Universidade de Liverpool, ao jornal The Guardian.
A estrutura tem, pelo menos, 476 mil anos, muito antes do surgimento do Homo Sapiens, segundo os Cientistas da Universidade de Aberystwyth.
A importância desta descoberta está associada ao facto de a madeira raramente sobreviver por longos períodos de tempo.
Sonia Harmand, especialista em arqueologia da Universidade Stony Brook, em Nova Iorque, classificou-a como uma descoberta inovadora.
“Sabemos tão pouco sobre a utilização de materiais orgânicos durante as fases iniciais da nossa evolução que esta é uma descoberta muito desejada”, disse Sonia Harmand. “A equipa é formada por especialistas mundiais e sem dúvida a descoberta é sólida”, sublinhou a especialista ao The Guardian.
O material em Kalambo Falls foi preservado por sedimentos encharcados e com pouco oxigénio.