O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro prestou esta terça-feira um depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, como suspeito de suposta fraude com certificados de vacina contra a Covid-19, que garante não ter tomado.
Segundo a Folha de São Paulo, o antigo Presidente brasileiro respondeu a 60 perguntas, tendo negado que tenha ordenado a inserção de dados falsos nos certificados da vacina e assegurou que o seu auxiliar, Mauro Cid, nunca comentou o assunto com ele.
Bolsonaro chegou à sede da polícia ao início da tarde, sendo a terceira aparição do líder de extrema-direita nos últimos dois meses perante as autoridades policiais, que também o intimaram a depor sobre a sua alegada intenção de apreender algumas joias sauditas pertencentes ao Estado e pelo seu alegado apoio à tentativa de golpe realizada por seus apoiantes em 8 de janeiro.
Em relação à vacina contra a Covid-19, a Polícia Federal suspeita que os dados do ex-presidente e de alguns de seus familiares e assessores teriam sido manipulados para que entrassem nos Estados Unidos da América num momento em que as certidões eram exigidas pelas autoridades deste país.
Para tanto, a Polícia Federal fez buscas na residência de Jair Bolsonaro e de seis colaboradores próximos a 3 de maio, quatro dos quais foram e permanecem presos.
Os dados teriam sido manipulados por meio de acessos ilegais aos sistemas do Ministério da Saúde realizados em novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Neste último caso, teria sido antes da viagem que Bolsonaro, ainda como chefe de Estado, fez aos Estados Unidos em 30 de dezembro, dois dias antes da posse do atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, cuja vitória nas sondagens foi posta em dúvida e a quem recusou entregar o poder.
Enquanto estava no Governo, Bolsonaro negou a gravidade da pandemia, que já deixou mais de 700 mil mortes e quase 38 milhões de infeções no país.
Jair Bolsonaro responde por uma dezena de processos perante tribunais de primeira instância por questões relacionadas a supostos abusos de poder político e económico, bem como em cinco processos no Supremo Tribunal Federal e em outros que tramitam na Justiça eleitoral.