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A coordenadora do Bloco de Esquerda apela ao Presidente da República para não ir ao Qatar, onde decorrerá o Mundial de Futebol, lembrando que "não se pode esquecer" as condições dos trabalhadores que montaram as estruturas do evento.
"Não podemos esquecer as condições dos trabalhadores", afirmou Catarina Martins quando questionada pelos jornalistas sobre as declarações do chefe de Estado.
Após o jogo entre Portugal e a Nigéria, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que "o Qatar não respeita os direitos humanos", mas que vai assistir ao Portugal-Gana, em 24 de novembro. "O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio", disse após a vitória de Portugal.
Após este apelo a Marcelo, Catarina Martins lembrou que durante a construção das estruturas que vão receber o Mundial de Futebol mais de 6.500 pessoas morreram.
"Não podemos esquecer os direitos humanos e é por isso que peço ao senhor Presidente da República para reconsiderar, para que não vá ao Qatar, não é necessário que vá nem o Governo, nem o Presidente da República, nem a Assembleia da República", apelou, adiantando que o partido entregou hoje mesmo no parlamento um projeto de resolução a este propósito.
Admitindo que ficou "surpreendida com a reação do Presidente da República", a líder do BE reforçou o seu apelo ao Chefe do Estado para reconsiderar a sua presença no Qatar "não por uma relação com a seleção de futebol, mas por uma relação com este mundial".
"Nós queremos mesmo ter representação oficial neste país? Seguramente que não queremos", enfatizou.
Catarina Martins recordou ainda os números da Amnistia Internacional, de acordo com os quais "são mais de 100 mil trabalhadores sujeitos a trabalho forçado que fizeram os estádios, morreram entre 6500 a 15 mil trabalhadores durante a construção destes estádios".
"Estamos a falar do Qatar. Um país onde as mulheres não têm direitos, onde não há uma lei que proteja uma criança que seja mal tratada pela sua família, um país em que pessoas homossexuais são perseguidas", condenou, afirmando que a Constituição portuguesa determina que "as relações internacionais de Portugal com o mundo pautam-se pelo respeito dos direitos humanos".
A líder do BE falava à porta do hospital São José, em Lisboa, onde a Frente Comum também esteve para fazer um primeiro balanço do início da greve nacional dos Trabalhadores da Administração Pública.