O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, considera que as greves e protestos que marcam os primeiros dias do ano demonstram a existência de “um caos evidente em muitos serviços do Estado e que condiciona a vida das populações”. Principalmente, “das populações mais débeis, mais fracas”. No habitual espaço de comentário na Renascença, Nuno Botelho destaca que os protestos e greves “têm custos sociais enormes”.
“O caso mais flagrante desta realidade é o da greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal”, que afetou a circulação de comboios. O presidente da Associação Comercial do Porto sublinha que "só este ano, que está no início, já ocorreram três dias de greve nos serviços ferroviários, com supressão de mais de 3.000 comboios. Isto é, de facto, uma enormidade numa empresa que deveria prestar um serviço público e que presta um serviço cada vez pior e a um preço cada vez mais caro às populações”. Nuno Botelho afirma que, perante este quadro, "as populações sentem-se cada vez mais órfãs do Estado. Um Estado que cada vez presta um pior serviço”.
Já quanto aos protestos dos agentes da PSP e dos militares da GNR, o presidente desta associação comercial diz ser “um sintoma de uma doença muito complicada” nas forças de segurança, cujos elementos “têm, de facto, a sua razão e motivos para protestar”.
A isto, juntam-se as greves de enfermeiros e dos funcionários judiciais, "num caldo de facto muito complicado e que mostra o quadro de penúria generalizada nos serviços do Estado”.
Já no que diz respeito ao protesto dos jornalistas da Global Media, Nuno Botelho diz tratar-se “de um grupo de media que está em dificuldades e que está entregue a investidores que”, na sua opinião, “não são verdadeiros gestores”. “São pessoas que não têm sabido gerir” as empresas, pelo que espera “que se encontrem soluções, como as que parecem estar agora a surgir, como novos investidores”.
Norte
da semana
TGV. “Acho importante que o Parlamento tenha aprovado, esta semana, a resolução apresentada pelo PS e a que os outros partidos se associaram, com a exceção do Chega. É importante desbloquear esta questão e lançar o concurso, que teria que avançar até ao final de janeiro, sob o risco de se perder 730 milhões de euros. É algo absolutamente essencial e é um fator de desenvolvimento do país. É algo que pode desenvolver, de facto, economicamente o país.”
Desnorte
da semana
Trânsito no Porto. “O trânsito no Grande Porto está cada vez pior. Diria que está a tornar-se insustentável. O fenómeno tem duas origens fundamentais. Uma é o número de carros em circulação que supera o período pré-pandemia e que é fruto, também, do mau serviço dos transportes públicos, que está cada vez pior. Depois, também tem a ver com não só o número de carros, mas também com as interrupções no trânsito e com as obras. Por tudo isto, é impensável continuar a tolerar o péssimo serviço público prestado pela CP, que não oferece alternativas ao uso do automóvel particular. Há que acrescentar as obras do Metrobus e o inferno das obras mal planeadas, mal executadas, mal coordenadas, onde tudo é mau e que resultam num desrespeito total pela população. É, de facto, uma vergonha.”