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De repente tudo mudou. Por todo o mundo as economias estão a ser profundamente afetadas por esta pandemia. Estamos a assistir ao pior abrandamento económico global desde a Grande Depressão. A nossa economia aberta está exposta a riscos externos substanciais, incluindo uma significativa deterioração na procura global pelas nossas exportações de bens e serviços, uma descida abrupta, ou inversão, de influxos de capital para mercados emergentes e um apertar abrupto das condições financeiras globais.
Devido ao confinamento e ao encerramento das nossas fronteiras já nos apercebemos de quão gravemente serão afetados vários setores da economia e haverá despedimentos, com uma estimativa de 17% de desemprego – o que equivale a cerca de 100.000 pessoas – até ao final do ano.
A mais recente projeção apontava para uma contração do PIB de até 11% este ano, o pior de sempre para o nosso país. Com o dinheiro do setor empresarial global a escoar, a depreciação da Rupia e uma taxa de inflação mais alta em relação às economias avançadas (o que resulta numa taxa de câmbio real mais elevada), o rendimento nacional bruto per capita irá cair de forma drástica. Tudo isto levou o Governo a apresentar um grande pacote de medidas para tentar limitar os efeitos socio-económicos.
Mas a triste verdade é que o impacto desta pandemia afeta mais uns do que outros. Os menos afetados podem fazer um esforço para vir em auxílio dos que foram atingidos mais duramente. Para além do que o Governo está a fazer pelos muito pobres e pelo setor informal – aqueles que constam dos registos – achámos que os mais privilegiados, como nós, poderiam estender os braços aos mais necessitados à nossa volta, para os ajudar a enfrentar estes tempos difíceis.
Sabendo das dificuldades dos jornaleiros e dos grupos de rendimento mais baixo, algumas ONG criaram uma espetacular iniciativa de apoio. Estes grupos estavam desempregados desde o início do confinamento e por isso tinham perdido o seu rendimento diário. As ONG apelaram a todos os que pudessem ajudar para contribuir com apoio alimentar e financeiro. Quando estamos prontos para fazer a diferença nas vidas dos outros, o Senhor dá-nos sempre a oportunidade. Muitas ONG mostraram que não eram insensíveis às dificuldades dos jornaleiros, entre as quais a Art of Living, baseada em Wootun e Goodlands.
Em vez de ficar parados, ajudámos esta ONG a angariar amigos e parentes para apoiar, conseguindo assim ter um maior impacto para aliviar o fardo sobre as famílias mais afetadas. Esta determinação em fazer a diferença nas vidas dos outros reacendeu a nossa força interior e a esperança em lutar contra o desespero e a escuridão da doença. Fez-nos perceber que os valores que parecem estar em oposição são, na verdade, complementares. A escuridão glorifica a luz. Parecem ser o contrário um do outro, mas na verdade enaltecem-se. Da mesma forma os desafios realçam a força das pessoas.
Vamos vencer a Covid-19, com a graça de DEUS.
*Rattan Khushirm é ex-diretor de Pesquisa e Sustentabilidade no Ministério das Finanças e de Desenvolvimento Económico das Maurícias. Atualmente trabalha para a Universidade Aberta das Maurícias e como instrutor de Ioga. Tem 67 anos e é casado.