O governador do Banco de Portugal acredita que as taxas de juro não deverão ir além dos 3,5%.
Em entrevista esta quinta-feira à noite, na RTP, Mário Centeno admitiu que, num cenário de previsibilidade, e sem que haja um agravamento do conflito da Ucrânia, a taxa de referência do BCE deverá continuar a subir até um máximo de 3,5% para, depois, convergir para a taxa de juro neutral que, no caso europeu, está estimada em cerca de 2%.
Como nos Estados Unidos, “esse mesmo conceito coloca a taxa de juro neutral quase no dobro, ou mais, ou seja, acima dos 4%”, a evolução dos juros na Zona Euro vai acompanhar as taxas norte-americanas.
“Num cenário de estabilidade face às hipóteses com que hoje trabalhamos, é provável que a taxa se situe nos 3% a 3,5% e, depois, devemos esperar que, a partir de determinado momento, esta taxa vá convergindo para os tais 2%”, admite o governador do Banco de Portugal.
Centeno acrescenta, por outro lado, que o pico da inflação em Portugal estará prestes a ser atingido: “em outubro ultrapassou os 10%, em novembro caiu ligeiramente; é expectável que em dezembro volte a cair”.
O cenário deverá, contudo, ser diferente no início do ano: “em janeiro e fevereiro, alguns efeitos muito característicos de atualização de contratos - que normalmente são feitos olhando para trás, usando a inflação passada - podem levar a inflação a subir ligeiramente”, antecipa o governador do Banco de Portugal.