O Papa valoriza a missão decisiva a que os jovens de hoje são chamados, nomeadamente em questões como a guerra ou as alterações climáticas, e convida todos para a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ2023), no próximo ano, em Lisboa.
Numa mensagem enviada aos participantes na Conferência Europeia da Juventude, que decorre em Praga, de 11 a 13 de julho, sob o tema “Empenhar-se juntos por uma Europa sustentável e inclusiva”, o Santo Padre manifesta razões de esperança nas novas gerações e deixa-lhe um conjunto de provocações.
“Quero convidar-vos a transformar o ‘Velho Continente’ num ‘continente novo’, e isto só é possível convosco”, porque “sois jovens atentos, menos ideologizados, habituados a estudar noutros países europeus, abertos a experiências de voluntariado, sensíveis às temáticas do meio-ambiente, por isso, sinto que há uma esperança”.
Francisco considera que “vendo como está a andar este mundo guiado por adultos e idosos, parece que deveriam antes ser vós a educar os adultos para a fraternidade e a convivência pacífica!”
E mais: “fazei ouvir a vossa voz! Se não vos ouvirem, gritai ainda mais forte, fazei barulho, tendes todo o direito de dar a vossa opinião sobre o que diz respeito ao vosso futuro”.
O Papa encoraja os jovens a serem “empreendedores, criativos e críticos” e a “não ter medo de ser exigentes”.
É bom ter “olhos grandes”
Sobre o valor da inclusão, Francisco pede-lhes para alargar horizontes. “É bom ter ‘olhos grandes’ para se abrir aos outros. Nenhuma discriminação contra ninguém, por nenhuma razão. Sejamos solidários com todos; não só com quem se parece comigo ou mostra uma imagem de sucesso, mas também com aqueles que sofrem, independentemente da sua nacionalidade e condição social”, sublinha.
A mesma atitude deve ser tomada no que se refere ao cuidado pela casa comum.
“Também aqui notei com prazer que, enquanto as gerações anteriores falavam muito e concluíam pouco, vós, ao contrário, sois capazes de iniciativas concretas”, sublinha o Papa.
Porque se os jovens não conseguirem “dar uma viragem decisiva a esta tendência autodestrutiva, será difícil que o consigam outros no futuro”.
Francisco também alerta contra a sedução das “sereias que propõem uma vida de luxo reservada a uma pequena porção do mundo: oxalá tenhais ‘olhos grandes’ para ver todo o resto da humanidade, que não se reduz à pequena Europa; oxalá aspireis a uma vida digna, mas sóbria, sem luxo nem desperdícios, para que todos possam habitar o mundo com dignidade”.
Contra a loucura desta guerra absurda
Sem esquecer que, ao mesmo tempo que decorre esta Conferência, se combate na Ucrânia “uma guerra absurda”, Francisco recorda que a Europa Unida brotou dum forte anseio de paz, depois de tantas guerras travadas no Continente.
O Papa defende que “agora todos nos devemos empenhar para pôr fim a esta loucura da guerra, onde, como de costume, uns poucos poderosos decidem e mandam a combater e morrer milhares de jovens. Em casos como este, é legítimo rebelar-se!”
O Papa acrescenta ainda, de modo provocador, que “se o mundo fosse governado pelos jovens, não haveria tantas guerras: aqueles que têm toda a vida diante de si, não a querem esfrangalhar e malbaratar, mas vivê-la em plenitude”.
Neste contexto, o Santo Padre aponta como exemplo para todos “a figura extraordinária de um jovem objetor, um jovem europeu dos ‘olhos grandes’, que lutou contra o nazismo durante a II Guerra Mundial, Franz Jägerstätter, proclamado Beato pelo Papa Bento XVI.
Franz era um jovem agricultor austríaco que, devido à sua fé católica, fez objeção de consciência perante a ordem de jurar fidelidade a Hitler e ir para a guerra”.
O Papa recorda que “o mal, para vencer, precisa de cúmplices. Franz Jägerstätter foi morto na prisão, onde se encontrava encarcerado também o seu contemporâneo Dietrich Bonhoeffer, jovem teólogo luterano alemão, antinazi, que conheceu o mesmo trágico fim. Estes dois jovens ‘dos olhos grandes’ foram mortos, porque se mantiveram fiéis até ao fim aos ideais da sua fé”.
Em jeito de conclusão, Francisco propõe a cada jovem “a olhar mais além, para o Alto, procurando sempre o sentido da vossa vida, a vossa origem, o fim, a Verdade, porque não se vive se não se busca a Verdade”.
Pede que caminhem “com os pés bem assentes na terra, mas com um olhar amplo, aberto para o horizonte, para o céu”.
E, por fim, “convido-vos a todos para a Jornada Mundial da Juventude do próximo ao ano em Lisboa, onde podereis partilhar os vossos sonhos mais belos com jovens de todo o mundo”.