O cardeal Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, pediu, esta sexta-feira, em Fátima, "prioridade ao diálogo e à negociação", numa clara alusão à guerra que atinge a Ucrânia.
A propósito do silêncio que se escuta em Fátima, o prelado venezuelano considerou urgente a capacidade de escuta, mesmo a nível internacional: “Pensemos como seria importante escutar as razões do outro e dar prioridade ao diálogo e à negociação, os únicos caminhos para uma paz estável e duradoura, em vez de empreender ações inspiradas pela busca gananciosa e apressada dos próprios interesses. A escuta, feita de silêncio que abre o coração, ajuda a acalmar ressentimentos e rancores e reencontrar o caminho da paz.”
“Estar aqui em Fátima, a 13 de maio, significa sobretudo responder a um chamamento à oração, a depositar no Imaculado Coração o nosso mundo ferido e dilacerado pela falta de paz”, afirmou ainda o cardeal que presidiu à primeira peregrinação aniversária do ano.
“Mesmo nestes tempos difíceis, marcados pelo flagelo da guerra e pelo vírus da pandemia, alegrai-vos: não no mundo, mas no Senhor, porque Ele é fiel às suas promessas. Alegrai-vos, porque, na sua obra de renovação da Igreja e do mundo, Fátima ocupa um lugar de destaque”, disse também na homilia da missa.
“Estar aqui no 13 de maio significa também desejar que a mensagem de Fátima não seja apenas algo relevante do ponto de vista religioso e histórico, mas que se traduza, na prática, pessoalmente, na nossa vida quotidiana. Nossa Senhora procura filhos que rezem, amem e se ofereçam pelos pecadores, pela paz e pela conversão, nossa e de muitos dos nossos irmãos e irmãs que não creem, não adoram, não esperam nem amam”, acrescentou.
Desafiando os milhares de peregrinos presentes no recinto repleto de fiéis como há muito não se verificava, Peña Parra recordou que “Nossa Senhora procura a conversão pessoal, procura quem se sacrifique e reze pelos outros e lembra a nossa responsabilidade de crentes”. E que, “pela medida com que difundimos a alegria do Senhor, podemos medir a temperatura da nossa fé, o primor da nossa escuta, a fidelidade em levar à prática a Palavra. Pelo batismo, cada um de nós é chamado a ser anunciador, missionário onde vive e trabalha”.
No final da homilia, o arcebispo recordou a presença, há 40 anos em Fátima, de São João Paulo II e pediu-lhe uma bênção especial para todos os presentes. E propôs a todos, na proximidade da Jornada mundial da juventude, que “não tenhamos medo de testemunhar, com proximidade a ternura e a beleza do rosto de Deus”, para se “construir uma Igreja com rosto jovem e belo”.
Penã Parra pediu ainda a todos os presentes para rezarem pelo Papa e pelas suas intenções e sublinhou a atualidade da mensagem de Fátima.
No final da celebração foi benzida uma Imagem de Nossa Senhora de Fátima para oferecer à diocese de Lviv, na Ucrânia.