No explicador desta terça-feira à tarde falamos sobre os helicópteros que Portugal ofereceu à Ucrânia.
Já passou mais de um ano e os aparelhos continuam parados no aeródromo de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.
Que helicópteros são estes?
São seis helicópteros pesados, Kamov, de combate a incêndios, que não têm licença para operar em Portugal porque são russos. Os aparelhos estão inoperacionais há vários anos à espera de reparação, o que se tornou impraticável, na sequência da guerra e das sanções impostas à Rússia, porque boa parte das peças vem de lá.
E, por isso, quando Kiev pediu ajuda ao nosso país, o Governo decidiu dispensá-los à Ucrânia, que tem a sua própria cadeia de fornecimento e, portanto, conseguiria recuperar os Kamov. Mas não foi isso que aconteceu... Não foi, de facto... Segundo explicou hoje o Ministério da Defesa, as autoridades portuguesas ainda aguardam por indicações da Ucrânia sobre os próximos passos a dar.
O gabinete da ministra Helena Carreiras diz que tem havido contactos regulares com os interlocutores ucranianos. No trimestre passado, houve uma visita técnica do braço logístico do grupo de doadores a Ponte de Sor, onde os helicópteros estão estacionados. Em junho, a ministra disse que o envio dos Kamov estava a ser preparado, mas até agora nada aconteceu.
E Moscovo não protestou?
Protestou, claro. A decisão foi criticada por Moscovo que considerou que Portugal estava a violar as suas obrigações contratuais, mas o Governo - pela voz do ministro dos negócios estrangeiros, José Luís Carneiro - considerou que não havia qualquer razão para não fornecermos este apoio à Ucrânia.
João Gomes Cravinho até disse que Portugal não está preocupado em satisfazer a Rússia, mas sim em criar condições para que a Rússia saia dos territórios da Ucrânia.
Os helicópteros estavam inoperacionais desde quando?
Desde há muito... Só para terem uma ideia, os Kamov foram comprados em 2006, para termos uma frota própria de aparelhos de combate a incêndios. O contrato foi assinado por António Costa, na altura ministro da administração interna, por 348 milhões de euros mas, entretanto, já custaram muitos mais milhões com os problemas de manutenção e contratos com os privados que os operavam.
Um está acidentado desde 2012, outros dois estão para reparação desde 2015 e os restantes três estão inoperacionais desde o início de 2018 por falta de manutenção e respetiva certificação pela Autoridade Nacional de Aviação Civil.