Onde habitualmente se ouviam as brincadeiras das crianças, agora é só silêncio. Pelas salas da creche Aniquibébé, em Vila Nova de Gaia, ainda não se ouvem as vozes de crianças. Nenhuma regressou durante as duas semanas em que as portas estiveram abertas, nenhuma regressou, disse à Renascença, Hortense Brandão.
“Estamos a trabalhar desde o dia 18, com a porta aberta e quatro funcionários”, mas “não temos crianças, num universo de 35 crianças de creche”, lamentou a diretora.
Hortense Brandão, acredita que na próxima semana, com a abertura do jardim de infância, já seja diferente. Está à espera de 47 crianças para as duas valências – ainda assim, metade das que frequentavam esta instituição em março.
Entretanto, os funcionários adaptam-se às novas regras, estão “a tentar fazer simulações de como vão ser os dias durante a próxima semana, com todos os equipamentos de proteção pessoal (EPI)”.
Por estes dias têm estado a atender os pais à porta, onde deixam “os pertences das crianças para que, na próxima semana, quando regressarmos à normalidade, tenhamos a vida facilitada”.
Com as salas vazias à espera de crianças tem estado também, nestas duas semanas, a creche a Fisga, em Rio Tinto. Das 33 crianças que recebia em março, nem uma só regressou.
Paula Aguiar antecipa que, “nos próximos dois meses, receberemos metade do que é normal, porque os pais continuam com medo, ou em ‘lay-off’, outros em teletrabalho e isso faz com que não tragam as crianças para a creche”.
Em declarações à Renascença, a diretora lamenta que as creches não tenham tido também a oportunidade de optar e “dizer que continuamos fechados, porque não temos crianças”.
Paula Aguiar critica o facto de ter sido obrigada a abrir, “aumentando logicamente a despesa, que já era avultada desses meses todos encerrados, provocando um desequilíbrio financeiro que já era enorme”.
A diretora desta creche diz que ainda não fez as contas todas, “mas a quebra será, sem dúvida, à volta de 60% do rendimento”.