A maioria das mães em Portugal trabalha fora de casa. De acordo com os dados recolhidos pela Pordata, o número de mulheres trabalhadoras é de 2,4 milhões – metade da população empregada (números de 2021).
A grande maioria destas mulheres/mães trabalha por conta de outrem (88%), enquanto 8% trabalham por conta própria. Há ainda 10% a trabalhar em tempo parcial.
Das que trabalham por conta de outrem, 83% estão efetivas (contrato de trabalho por tempo indeterminado), ao passo que 14% têm contrato a prazo.
Na distribuição por setores, a maioria está empregada nos serviços (82,6%), 15,8% na indústria e 1,6% no setor primário (agricultura e pesca).
Salários no feminino
Elas continuam a ganhar menos do que eles – mais precisamente, menos 220 euros por mês, em média.
A diferença salarial acentua-se à medida que aumenta o nível de responsabilidade: nos quadros superiores, as mulheres ganham menos 700 euros do que os homens e, entre os profissionais altamente qualificados, menos 326 euros.
Seguros e atividades financeiras são os setores em que a diferença se nota mais, com uma diferença média de 624 euros em benefício dos homens.
Na Saúde, a diferença é superior a 380 euros e, na Educação, são 349 euros de diferença.
Mulher. Trabalhadora. Mãe.
A maioria das trabalhadoras é mãe e tem o ensino superior. Apenas cerca de um em cada 10 bebés nascidos são de mães fora do mercado de trabalho. Quatro em cada 10 são de mães com o ensino superior.
Mas ser mãe é algo que cada vez ocorre mais tarde. Em 2019, mais de metade das mães “de primeira viagem” tinham entre 30 e 34 anos. Na faixa etária seguinte (35-39), quatro em cada dez bebés eram primogénitos.
Em 1991, a proporção de primeiros filhos entre os 35 e os 39 anos não chegava aos 2 em cada 10.
A ganhar terreno
São cada vez mais as mulheres em lugares de decisão. Quase 1/3 dos cargos dos conselhos de administração das empresas cotadas em bolsa são ocupados por mulheres, o que põe Portugal no 11.º lugar do ranking da União Europeia.
Antes de 2010, o peso das mulheres em Portugal em cargos de decisão era inferior a 6% e, em 2009, não chegava a 4%.
Além disso, são também cada vez mais as mulheres empregadoras. Se, em 1974, apenas 12 mil mulheres davam emprego, em 2021 o número passou para 76,5 mil.
A política é outro setor em que se nota evolução – o peso das mulheres no Parlamento duplicou entre 2003 e 2021, ano em que Portugal era 7.º na lista de países da União Europeia com mais mulheres na assembleia legislativa (41%).
Apenas a Suécia e a Finlândia têm mais de 45% de mulheres, sendo que em nenhum país elas estão em maioria.
Portuguesas são das que mais trabalham
Portugal é o 9.º país da União Europeia com mais mulheres no mercado de trabalho – cerca de 7 em cada 10. A presença de mulheres aumentou 14 pontos percentuais (p.p.) desde 1993.
O número aumenta quando baixamos a faixa etária, o que leva Portugal a subir para 2.º e 3.º lugar na lista de países da UE com maior peso de mulheres empregadas entre os 30-34 e os 35-39 anos, respetivamente.
Mas não é apenas pela presença no mercado de trabalho que as portuguesas trabalham mais. O facto de a grande maioria trabalhar a tempo inteiro também é um fator a levar em consideração e aqui Portugal aparece em 9.º no ranking de países com menor peso de trabalho a tempo parcial entre as mulheres (11,7%).
No geral da União Europeia, quase três em cada 10 mulheres trabalham em ‘part-time’.
Pobreza e precariedade
As portuguesas trabalham mais, mas não ganham mais nem têm uma vida mais estável. No panorama europeu, Portugal ocupa o 4.º lugar (ex-aequo com o Chipre) dos países onde há maior proporção de mulheres com contratos temporários. São quase duas em cada 10. Espanha, Polónia e Países Baixos lideram este ranking.
A precariedade aumenta a vulnerabilidade à pobreza. Em Portugal, uma em cada cinco mulheres é considerada pobre ou em estado de exclusão social, o que coloca o país no 11.º lugar de uma lista de 23 Estados em que este item assume valores mais elevados.
A pobreza também afeta mais as famílias monoparentais, sendo que nove em cada 10 destas famílias têm uma mulher como adulto responsável.
São também as mulheres que mais beneficiam do Rendimento Social de Inserção (52%).
Em 2021, estavam inscritas nos centros de emprego e formação profissional mais de 218 mil mulheres.
Quando não se pode trabalhar para cuidar
As mulheres portuguesas continuam a ser cuidadoras. Em 2020, mais de uma em cada quatro estava fora do mercado de trabalho para cuidar de crianças ou de adultos incapacitados.
Do total de população inativa por questões familiares, 22% são mulheres.
Ainda assim, Portugal é o 8.º país da União Europeia com menor peso de mulheres a deixar de trabalhar para cuidar.
Em sete países europeus, pelo menos 40% das mulheres inativas invocam razões familiares para não estarem no mercado de trabalho.