O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou "lamentável" e "preocupante" o facto de o embaixador de Portugal na Venezuela, Carlos de Sousa Amaro, ter sido impedido de visitar a comunidade lusa de Guárico que fica a 206 quilómetros a sudoeste de Caracas.
"É um incidente preocupante, porque a convenção que regula a as relações diplomáticas é clara: Qualquer membro da missão diplomática acreditada num país tem liberdade de circulação nesse país para realizar o seu trabalho, a não ser que haja situações de segurança nacional que imponham alguma limitação, o que manifestamente não parece ser o caso", afirmou à agência Lusa Augusto Santos Silva.
Segundo o canal de televisão VPITV, o embaixador foi barrado quando chegou "à entrada de San Juan de Los Morros, Estado de Guárico" por funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).
De acordo com o ministro, "foram imediatamente dadas explicações ao mais alto nível", pelo governo venezuelano, a Carlos de Sousa Amaro.
"Registo que o ministro das Relações Exteriores da Venezuela contactou, depois do incidente, o embaixador português em Caracas, dando explicações de que se tratou de um equívoco e não havia nenhuma intenção de limitar os seus movimentos", indicou.
Falando desde Itália, onde participa esta sexta-feira, em representação do Estado português, no funeral do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, Augusto Santos Silva adiantou que terá de "analisar com cuidado o que se passou e verificar se há algum procedimento adicional que seja necessário fazer".
"Só quando aterrei [em Roma] percebi o que se tinha passado, tenho de fazer uma avaliação sistemática do que se passou e das motivações e das consequências", anotou.
No seu site, a VPITV explicou que "o diplomata viajava acompanhado pelo deputado da Assembleia Nacional (parlamento) Octávio Orta (luso-venezuelano), tendo em vista uma reunião planeada com quatro presidentes de câmaras municipais daquele Estado, para trabalhar num programa de assistência social para os idosos. No entanto, foi-lhes negado o acesso".
Segundo a VPITV os militares indicaram que o diplomata necessitava "de uma autorização especial ou convite" para poder visitar o Estado de Guárico.
Contactado telefonicamente pela Agência Lusa, Carlos de Sousa Amaro limitou-se a confirmar que estava de regresso a Caracas.
"Estou bem, ninguém me insultou", disse o diplomata que se negou a comentar o que aconteceu.