Quem recusar a AstraZeneca não tem de ir para o fim da fila. Basta voltar atrás na decisão
19-03-2021 - 16:40
 • João Carlos Malta

Depois de uma recusa de toma, o doente pode sempre voltar atrás na opção que tomou e decidir que quer ser inoculado. Para tal, deverá contatar o médico de família e o seu centro de saúde. Quem não o fizer, segundo a DGS, "poderá vir a ser vacinado mais tarde, no final da campanha de vacinação".

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A médica de saúde pública Mariana Carrapatoso explica que quem recusar tomar a vacina da AstraZeneca “não será, nesta fase, contatado novamente para agendar uma data para a vacinação”. Isto porque “plano de vacinação não contempla que os utentes possam escolher qual a vacina que vão tomar”.

No entanto, o mesmo não significa que as pessoas irremediavelmente de ir para o fim da fila. Há uma alternativa. “Se repensarem a sua recusa e quiserem ser vacinados poderão contatar os serviços de saúde para tomarem a vacina que lhes foi proposta inicialmente ou de acordo com as possibilidades de agendamento”.

Para isso, as pessoas devem telefonar para os centros de saúde e médicos de família que os acompanham para poderem dar conta de que mudaram de ideias. O novo agendamento dependerá da disponibilidade de cada local.

Tanto quanto conhecemos não há uma necessidade de passar para a o fim da fila. Não serão é contatados novamente, se para aquela faixa etária e para as comorbidades que apresenta está prevista uma determinada vacina, não terão a possibilidade de tomarem outra vacina de acordo com a preferência individual”, reforça a médica.

Membro da direção da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Mariana Carrapatoso reconhece que os profissionais de saúde se têm deparado com algumas situações de recusa para a vacina da AstraZeneca que esteve suspensa nos últimos dia em Portugal, mas que vai voltar a ser administrada a partir de segunda-feira.

Em resposta a uma pergunta da Renascença realizada na quarta-feira, sobre o que acontece às pessoas que recusem ser vacinadas, a DGS esclareceu, esta sexta-feira à tarde, que "estes cidadãos poderão vir a ser vacinados mais tarde, no final da campanha de vacinação".

Na mesma resposta é ainda dito que as vacinas que estão disponíveis em Portugal no âmbito da vacinação contra a Covid-19, ou de qualquer outra doença, "obedecem a critérios de segurança, eficácia e qualidade, de acordo com a Agência Europeia do Medicamento (EMA) e, a nível nacional, com o Infarmed."

"No caso concreto da vacinação contra a Covid-19, se um cidadão optar por não se vacinar com a vacina de uma determinada farmacêutica, deve estar consciente de que fica vulnerável à doença", sublinha a DGS.

Sobre o mesmo tema, o jornal "Público" cita o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego, José Luís Biscaia, que refere como está a proceder em caso de recusa: “Explicamos que vão ter que ficar à espera ou a aguardar que mude a regra da atribuição. Já tivemos médicos e médicos dentistas, por exemplo, a recusar-se, mas a regra é simples: não dá para escolher. Seria ingerível. Se as pessoas não aceitam a regra, e têm esse direito, vão ter que esperar. Serão vacinadas no Verão ou depois do Verão”

Na quinta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, não respondeu diretamente à pergunta do que acontece a quem não quer tomar a vacina de um determinado laboratório, mas avisa que a alternativa é ficar vulnerável, doente ou, em último caso, morrer.

Questionada pela Renascença na conferência de imprensa em que foi anunciado que Portugal vai voltar a administrar a vacina da AstraZeneca, Graça Freitas garante que o fármaco é seguro e eficaz.

“Prezamos muito a segurança, a fármaco-vigilância serve para isso. Feita uma avaliação entre os riscos e benefícios da vacinação, quando decidimos por uma vacinação a circular e a ser administrada é porque ela nos dá garantias de que ela é segura, eficaz e tem qualidade”, declarou.

Se for oferecida uma vacina a uma pessoa, seja qual for a marca, deve aceitá-la”, frisou Graça Freitas.

A responsável da DGS avisa que “o risco de ter a doença, doença grave, internamento e, finalmente e indesejavelmente, morte é muito superior”.

“Qualquer que seja a marca da vacina, quando as autoridades portuguesas põem uma vacina no mercado é porque a vacina é segura, eficaz, tem qualidade e os seus benefícios superam os riscos”, garantiu.

Novamente questionada sobre o que vai acontecer a quem rejeitar uma vacina, Graça Freitas considera que essa é uma “hipótese que as pessoas não deviam colocar”.

“A recusa de uma vacina é recusar proteger-se e recusar proteger-se contra uma doença grave. O grande apelo que fazemos aos portugueses é que ponderem muito bem antes de recusar, porque a alternativa é que continuarem vulneráveis, suscetíveis, e poderem vir a desenvolver uma doença que é potencialmente grave ao ponto de ser letal. É um apelo à não recusa de qualquer marca de qualquer vacina”, conclui a diretora-geral da Saúde.

Mesmo na última fase da vacinação, segundo o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, a vacina que estiver disponível é aquela que será administrada. “O princípio no processo de vacinação é a não escolha da vacina, porque as vacinas aprovadas são igualmente boas e seguras”.