O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, denunciou esta segunda-feira a "falta de lealdade" e de "transparência" dos Estados Unidos na crise dos submarinos, que opõem este país à França.
"Os princípios elementares entre aliados são a transparência e a confiança. Seguem juntos. E aqui, o que vemos? Uma clara falta de transparência, de lealdade", disse Michel aos jornalistas em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, que começa terça-feira.
Nesse sentido, acrescentou, a União Europeia (UE) pede a Washington um "esclarecimento" para "tentar compreender melhor quais são as intenções" do anúncio de uma parceria estratégica entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália, uma vez que "é incompreensível".
O anúncio, a 15 deste mês, de um pacto de segurança concluído pelos norte-americanos com a Austrália e o Reino Unido gerou indignação, pois foi à revelia da França, que perdeu no processo um enorme contrato de submarinos encomendados por Camberra.
Os europeus acordaram com a sensação de terem sido ignorados pelo Presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, tal como acontecia nos dias do seu antecessor republicano Donald Trump.
Sob a liderança do ex-presidente dos Estados Unidos, "estava claro, pelo menos, no tom, na substância, na linguagem, que a UE não era um parceiro, um aliado essencial", observou Michel, para quem esta situação exige "mais uma vez" o reforço da capacidade de ação e defesa europeia.
"Temos de desenvolver a nossa capacidade de atuação, não contra os nossos aliados, mas sim porque, se formos mais fortes e robustos, então as nossas alianças também serão mais fortes", sublinhou o responsável europeu.
Se a China é a prioridade número um dos Estados Unidos, então estes devem escolher "fortalecer a relação transatlântica" e não "enfraquecê-la", acrescentou.
As palavras de Michel surgem no mesmo sentido das proferidas pela presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, que classificou esta segunda-feira como "inaceitável" o tratamento dado a França, vincando que a UE quer "saber o porquê".
"Um dos nossos Estados-membros foi tratado de uma forma que não é aceitável. Nós queremos saber o que se passou e porquê", vincou, em entrevista ao canal noticioso norte-americano CNN.